Dilma diz que faltou à reunião do PT para tratar da visita do papa

Na reunião que ocorre hoje em Brasília, Dilma seria convidada de honra.

Dilma e Papa Francisco, no Vaticano | Reprodução/Internet
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Em carta de quatro páginas encaminhada neste sábado ao PT para justificar sua ausência na reunião do diretório nacional do partido, a presidente Dilma Rousseff defende a realização de plebiscito para a reforma política e diz que, ao lado do ex-presidente Lula, está ouvindo a "voz das ruas" para dar respostas à sociedade brasileira.

Na reunião que ocorre hoje em Brasília, Dilma seria convidada de honra. A decisão de não comparecer irritou parte dos petistas, em especial o ex-ministro José Dirceu, condenado pelo Supremo Tribunal Federal pelo mensalão. Dirceu participa da reunião do diretório.

"Eles [brasileiros] querem um novo sistema político, mais transparente, mais oxigenado e mais aberto à participação popular que só a reforma política balizada pela opinião das ruas, por meio de um plebiscito, poderia criar. Mais do que tudo, eles querem ser ouvidos e participar", afirmou na carta.

Dilma justificou a ausência ao dizer que, com a vinda do Papa Francisco ao Brasil, precisa cumprir "deveres aos quais não posso faltar" --com a demanda de organização e segurança que envolve "todo o governo". A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) foi ao encontro representando a presidente.

Incomodada com recentes decisões do partido, Dilma avisou somente ontem que não participaria da reunião do comando nacional do PT organizada especialmente para garantir sua presença. Reunido com petistas em encontro preparatório, Dirceu incitou integrantes da corrente Construindo um Novo Brasil, a maior do PT, a protestar contra a ausência de Dilma.

No documento, a presidente faz um afago à sigla ao afirmar que não haverá um "Brasil efetivamente novo" sem o PT. "Sei que podemos contar com o nosso partido para acolher essa energia renovadora que vem das ruas e impulsioná-la para revolucionar o Brasil e sua democracia."

Dilma cita Lula duas vezes na carta. Em uma delas, diz que está ao lado do ex-presidente ouvindo as ruas para "construir um Brasil cada vez melhor". A presidente lista todas as ações feitas pelo governo em resposta às protestos populares, como os cinco pactos lançados pelo Palácio do Planalto, para afirmar que está ouvindo as demandas dos brasileiros de "todos os setores".

"A rua é nosso chão, a nossa base. Mas não basta ouvir, é necessário fazer. Transformar essa extraordinária energia em realizações para todos. Estamos trabalhando duro para atender as justas reivindicações que vêm das ruas", diz na carta.

Em mais um afago aos petistas, Dilma encerra a carta afirmando que junto com Lula e o partido, ouvindo as ruas "como sempre fizemos", vai construir um Brasil melhor. "Nós apenas começamos. Afinal, o Brasil com que as ruas sonham é o Brasil com que sempre sonhamos. Um Brasil de todos, para todos, e construído por todos os brasileiros."

REFORMA POLÍTICA

Ex-presidente do PT, José Eduardo Dutra prometeu defender durante reunião do diretório a aprovação de reforma política idealizada pelas entidades que financiaram a Lei da Ficha Limpa --encabeçada pela Ordem dos Advogados do Brasil. Dutra diz que não há tempo para o Congresso aprovar plebiscito para ser realizado em 2014, ao contrário do que pensa parte da sigla e a própria presidente.

A proposta da OAB acaba, entre outros pontos, com o financiamento de empresas a campanhas eleitorais já para as eleições de 2014 e prevê eleições em dois turnos para os deputados federais. A ideia de parte da sigla é encampar a proposta da OAB, considerada viável para ser aprovada em agosto a tempo de valer na disputa do ano que vem.

"Plebiscito é inviável, essa comissão da Câmara [que discute reforma política] também. Várias comissões na Câmara não deram em nada. Essa é uma proposta simples e viável. O Ficha Limpa foi aprovado em um mês. Se houver vontade política, o Congresso aprova", afirmou.

A sugestão de Dutra ocorre em meio à disputa interna no PT sobre o comando da comissão da Câmara que discute a reforma política. Deputados petistas vão tentar aprovar, na reunião do diretório, moção contra a presença do deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) na coordenação da comissão.

A bancada defende que o deputado Henrique Fontana (PT-RS), que coordenava a discussão sobre a reforma política na Câmara, assuma o posto. Até ontem, 40 dos 89 deputados do partido haviam assinado nota contra a permanência de Vaccarezza no grupo, na defesa de Fontana.

Apesar de integrar o diretório, Vaccarezza não participa do encontro. Na porta da sede do PT, cerca de dez militantes da sigla estão com cartazes e gritam em defesa da reforma política sem Vaccarezza. "Reforma política já. Vaccarezza não me representa", afirmam os cartazes.

A reunião da presidente, que não estava na agenda oficial, acabou pouco depois das 12h. Participaram do encontro, para acertar os últimos detalhes da vinda do papa, os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça), Celso Amorim (Defesa) e Antonio Patriota (Relações Exteriores). Eles saíram sem falar com a imprensa e também não foram publicados comunicados por suas assessorias com informações da reunião.

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