Em desabafo, mulher de Lupi diz que mídia “julga e condena”

A mulher de Lupi saiu em defesa do ministro em carta publicada nesta quinta-feira

Ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PD) | Foto: Agência Senado
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Angela Rocha, jornalista e mulher do ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi (PD), publicou nesta quinta-feira uma carta no site do PDT nacional na qual acusa a revista Veja de fabricar escândalos e afirma que a grande imprensa do País "julga, condena e manda para o pelotão de fuzilamento". Hoje, Lupi voltou a depor no Senado após indícios de que ele teria mentido ao negar que viajara ao Maranhão a bordo de um avião providenciado por Adair Meira, diretor de uma ONG que detém contratos de R$ 14 milhões com sua pasta.

A mulher de Lupi atentou para a importância de se "conhecer todas as versões de uma história", já que "a deles é fácil, é só continuar lendo a Veja, O Globo, assistindo ao Jornal Nacional. A nossa vai precisar circular por essa nova e democrática ferramenta que é a internet". Casada há 30 anos com Lupi, Angela diz que Veja, para "montar um circo", enviou ao ministério perguntas "genéricas" sobre convênios, se aproveitou de duas pendências administrativas da pasta e juntou isso ao "depoimento de alguém que não tem nome ou sobrenome, mas diz que pagou propina a alguém da assessoria do ministro".

Ainda que nada tenha ficado provado, prossegue Angela, a repercussão nacional da matéria inverte o ônus da prova: "O acusador não tem que provar que pagou, mas você tem que provar que não recebeu. Curioso, não?", questiona, acrescentando ironicamente que "a gente não lê os textos, só os títulos e a interpretação, que vêm do estereótipo "político é tudo safado mesmo".

Para a mulher do ministro, a situação piorou com a reação dele, que faria parte de "uma minoria que contra-ataca". A declaração de que só deixaria o ministério "a bala", segundo Angela, foi reconhecida como um erro pelo marido, mas demonstra não apego ao cargo, e sim um "recado com endereço certo e cujos destinatários voltaram com força total". A jornalista considera que, com os esclarecimentos prestados no Congresso, Lupi se livrou das acusações de corrupção, e que só restou aos "destinatários" explorarem uma suposta mentira.

A referência é à resposta de Lupi na Câmara, onde o ministro negou manter qualquer tipo de relacionamento com Adair. "Fui apresentado a ele em alguns eventos públicos. Nunca andei em aeronave do sr. Adair", garantiu Lupi, cuja mulher comenta: "Em algum momento, em algum desses telejornais você ouviu a pergunta que foi feita ao Lupi e que originou aquela resposta? Com certeza não. Se alguém pergunta se você conhece o seu José, porteiro do seu prédio, você provavelmente responde: claro, conheço. Agora, se alguém pergunta "que tipo de relacionamento você tem com o Seu José?", o que você responde? "Nenhum, simplesmente conheço de vista"."

Apesar da defesa, a jornalista afirma que não pretende fazer do marido uma vítima. "O Lupi não é vítima de nada. É um adulto plenamente consciente do seu papel nessa história. Ele sabe que é simplesmente o alvo menor que precisa ser abatido para que seja atingido um alvo maior. É briga de cachorro grande", alerta.

No depoimento desta quinta-feira na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, o ministro voltou a dizer que não tem "relação pessoal" com o empresário Adair Meira e antecipou que pode devolver verbas que venham a ser consideradas irregulares - nesta tarde, a ONG Contas Abertas divulgou levantamento que demonstra que, quando Lupi viajou no jatinho alugado por Meira, estava a trabalho e tinha as diárias pagas.

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