Em entrevista, Ciro Nogueira faz balanço da gestão e revelações políticas

O ministro da Casa Civil destacou a estabilidade política alcançada e o desafio da retomada econômica.

Ministro da Casa Civil destacou a estabilidade política alcançada e o desafio da retomada econômica. | Divulgação
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Por Ananias Ribeiro. 

O ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, falou com exclusividade ao Jornal Meio Norte sobre o trabalho de pouco mais de três meses a frente do ministério e destacou a estabilidade política alcançada e o desafio da retomada econômica e do enfrentamento da crise dos combustíveis no País. Ele culpou as altas taxas - em especial impostos estaduais - que incidem sobre o preço cobrado nas refinarias pela Petrobras.

Ciro Nogueira também tratou sobre política local e ressaltou o foco na conclusão de obras estruturantes, federalização de rodovias, duplicação das saídas da capital Teresina, Tabuleiros Litorâneos, Platôs de Guadalupe e Ferrovia Transnordestina. Ressaltou que no próximo ano pela primeira vez a oposição vai para a eleição com o apoio da maioria dos prefeitos, o ministro contou 143, minimizou o maior número de deputados na base governista, e revelou que a pesquisa de opinião pública terá o maior peso na definição do candidato da oposição ao Governo do Estado.

Ciro Nogueira anunciou para o dia 11 de dezembro a realização de um evento da oposição onde os prefeitos, vereadores e lideranças serão consultados em pesquisa sobre quem deve ser o nome do grupo de oposição para disputar o Palácio de Karnak.

Ciro Nogueira faz um balanço da gestão no Ministério (Foto: Agência Senado)

Jornal Meio Norte - Qual a avaliação do trabalho a frente da Casa Civil? 

Ciro Nogueira - Muito trabalho, nos diversos focos. Criar uma integração maior entre os ministérios, a gente está conseguindo, cheguei em um momento de muita instabilidade política, de conflitos, acho que a gente superou essa parte. E agora é focar totalmente na retomada econômica do País. Estamos com a população toda vacinada. Os índices de mortes, graças a Deus, diminuindo, o Brasil é o terceiro País que mais vacinou no mundo. Fruto única e exclusivamente de vacinas do Governo Federal. Estamos com um problema sério na questão dos combustíveis pelo valor do dólar e do preço do combustível internacional, mas estamos buscando alternativas para diminuir esse que é o maior problema hoje do País. E espero que a gente encontre essas soluções para que o ano de 2022 seja o melhor de nossas vidas.

JMN - O presidente vai conseguir reduzir o preço dos combustíveis? 

CN - O problema do preço dos combustíveis não é um problema do Brasil, é um problema do mundo, por conta da alta do preço do petróleo, do preço do gás em nível mundial. E aqui é um excesso de taxas. A Petrobras vende, para você ter ideia consumidor, o litro sai da refinaria por R$ 2,60. Chega a R$ 7 na mão do consumidor por conta de distribuição, elevada carga de impostos principalmente dos governos estaduais. Tem que ter sensibilidade. Hoje a maior parte de arrecadação de impostos estaduais é fruto dos combustíveis. Por isso que os governadores resistem tanto a reduzir o ICMS. Então é um problema que não é só do Governo Federal. É de toda a sociedade brasileira. 

JMN - E para o Piauí, a sua atuação na Casa Civil, o que tem de frutos para o estado? 

CN - As obras estruturantes. Estamos federalizando as rodovias dos Cerrados. Estamos bem andado a questão da duplicação das saídas de Teresina. O Hospital Universitário que recebeu um grande suporte. Vamos agora investir nos Tabuleiros Litorâneos e Platôs de Guadalupe. A Transnordestina está em plena execução. Então o que me cabe é cuidar das obras estruturantes e ter uma parceria muito efetiva com os municípios piauienses para suprir as deficiências que o Governo do Estado não tem sido capaz de investir nesses municípios. E nisso estamos tendo sucesso.

JMN - O senhor se reuniu com o prefeito Dr. Pessoa, que lhe fez pedidos, o que deve ser prioridade? 

CN - O prefeito tem um sonho da questão da interligação do rio Poti com o rio Parnaíba. Nós vamos conseguir os recursos para a concepção desse projeto. Esse Hospital da Mulher, vamos conseguir os recursos para ele, tem uma situação muito complicada do Torquato Neto, que é um problema sério para aquela região e temos que procurar solução para isso. Vamos buscar um grande financiamento para  infraestrutura de Teresina. Então a conversa foi o mais produtiva possível e tenho certeza que Teresina vai sair ganhando.

JMN - O presidente Bolsonaro está para definir que partido vai se filiar. Quais são as chances de se filiar ao Progressistas? 

CN - Hoje ou ele vai para o Progressistas, ou para o [Partido] Liberal. É uma definição que ele tem que fazer até o final de novembro.

JMN - Mas o senhor quer ele no Progressistas? 

CN - Quero. Gostaria muito de tê-lo, mas se ele for para o Liberal eu também vou ficar feliz, ele não pode ficar é sem partido. Eu acho que são dois partidos grandes, e fico muito feliz que os partidos - o Republicanos também está interessado - que o presidente está sendo cortejado, se está sendo cortejado é porque tem chance de vitória.

JMN - Na política local, se fala muito a expressão de que no próximo ano vamos ter uma eleição.. 

CN - Verdade. Nunca tivemos uma eleição em que o grupo da oposição, e apoio político principalmente das bases do interior, foi majoritário, como hoje. Hoje temos uma base política consolidada de 143 prefeitos. Temos uma parte ainda dos prefeitos indecisos, outros contrários, mas pela primeira vez a oposição vai chegar mais forte do que o grupo do governo numa eleição se depender de apoio de prefeitos e lideranças do interior.

JMN - E quanto ao apoio de deputados.. 

CN - Nós só não temos diálogo com PT, PCdoB e PSOL. Nós temos diálogo constante com todos os partidos. Acho que os deputados são muito ligados a governo, estrutura, cargos, isso é natural, em qualquer estado acontece isso. Mas o que me importa são as bases. Essa que é a nossa força, onde a população vive, nas cidades, é isso a nossa força. Você imaginar que um grupo político de oposição tem 143 prefeitos já definidos apesar de todas as ofertas do Governo do Estado, isso é significativo.

JMN - E estão acontecendo definições recentes como em Floriano.. 

CN - Se você pegar as 20 maiores cidades do Piauí, 80% estão com a gente. Se você pegar a população que é administrada por esses 143 municípios, estão 80% das bases fiéis a esse projeto da oposição.

JMN - A chapa será definida em janeiro? 

CN - Sim, com certeza, nós iremos continuar ouvindo a população. Existe uma integração perfeita da Iracema [Portella] com o Silvio [Mendes]. Eu acho que as pesquisas estão nos balizando, vamos fazer um grande encontro no dia 11 de dezembro, com todos os prefeitos, as oposições que nos apoiam, e lá também será feita uma pesquisa. Eleição é sentimento, aquele que incorporar esse sentimento. Não pode ser uma escolha do Ciro, tirar do bolso, tem que ser uma escolha da população, das lideranças, daqueles que vão incorporar o sentimento de oposição que tenho certeza que será vitorioso.

JMN - A pesquisa é o critério? 

CN - É um dos critérios, o principal é a população, o sentimento da população, eu acho que é o maior, se for dar um peso, o maior peso é a pesquisa, mas nós temos as lideranças que tem que ser ouvidas: prefeitos, vereadores, ex-prefeitos. São pessoas que tem que opinar e definir, não pode ser uma definição de cúpula, tem que ser uma definição com base em argumentos, em cima de uma coerência política.

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