Sem as estrelas do PMDB e sem muito barulho, deverá ser acompanhada apenas por familiares e poucos amigos a posse do senador Jader Barbalho (PMDB-PA) na quarta-feira no Senado. Em pleno recesso parlamentar, numa iniciativa extraordinária, a Mesa diretora do Senado vai se reunir em caráter excepcional para dar posse a Jader . O peemedebista renunciou em 2001 para não ser cassado no escândalo de desvio de recursos do Banpará, mas acabou sendo incluído na lista de políticos "ficha suja" depois liberados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para tomar posse.
De volta ao Senado, Jader diz que aprendeu muito com o afastamento involuntário quando estava no auge do poder e foi obrigado a renunciar por causa dos escândalos e denúncias de corrupção.
- Estou voltando para ajudar o meu estado, o Pará. Passados esses 10 anos, aprendi muita coisa. Foi uma experiência dolorosa demais - disse Jader, descartando qualquer possibilidade de tentar ocupar espaços de destaque no Senado, como a presidência da Casa, por exemplo.
Com a posse em pleno recesso, Jader vai garantir um ganho extra de R$30.283,13, resultantes de uma ajuda de custo de R$26.723,13 paga aos senadores no inicio e final de cada ano legislativo, mais R$3.360,00 dos quatro dias de salário de dezembro.
Depois de empossado como senador, Jader também fará jus ao salário de janeiro, no valor de R$26.723,13, que não receberia se só fosse empossado em fevereiro, na volta do recesso parlamentar. E na volta do recesso, em fevereiro, ele recebe o salário do mês somado a mais uma ajuda de custo do mesmo valor, relativa ao inicio do ano legislativo de 2012. Jader foi enquadrado na Lei da Ficha Limpa por ter renunciado em 2001, mas na semana passada, depois de muita pressão do PMDB, ele foi liberado com voto de desempate do presidente do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso.
Na reunião da Mesa Diretora amanhã, antes da posse de Jader, será lido o relatório do senador João Vicente Claudino (PTB-PI), relator da defesa de cinco dias dada a sua substituta, a senadora Marinor Brito (PSOL-PA), que perde o mandato.
Marinor assumiu a vaga de segunda senadora eleita do Pará no ano passado depois de terminar a eleição em quarto lugar. Isso só foi possível porque os registros do segundo e do terceiro candidatos mais votados, Barbalho e Paulo Rocha (PT), respectivamente, foram negados de acordo com a Lei da Ficha Limpa. Com a anulação dos efeitos da lei para 2010, eles se tornaram novamente elegíveis.
O vice-presidente Michel Temer estará em Brasilia - ele só viaja de recesso na quinta-feira - mas não deverá prestigiar o ato de posse de Jader. O senador disse que não programou nada de especial para a solenidade, nem mesmo um discurso. Aliados do Pará podem formar uma pequena claque para não deixar a posse passar em branco. Não há nenhuma festa programada em Brasilia, porque a cidade está vazia, mas a comemoração pode acontecer em Belém do Pará.