O governador também enquadrou seus colegas de partido e pediu que evitem declarações fortes. "Liguei para o senador Aécio Neves dizendo que nós temos que seguir dialogando", disse Campos ao enfatizar a "relação de respeito" que mantém com o político mineiro. "Temos de ter todo cuidado para não transformar um debate tão importante em um debate de nomes nem de partidos", complementou.
Em entrevista ao Estado, o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, foi direto: "Contra quem eu preciso disputar? Contra o Aécio. É ele que eu preciso afastar e impedir o crescimento." Nos bastidores, os tucanos também admitem que inevitavelmente haverá um confronto entre PSDB e PSB. Mas, por ora, todos querem manter as pontes erguidas.
"A declaração do Roberto Amaral, a quem respeito, é um equívoco sem tamanho. Parece coisa de um petista infiltrado para fazer o jogo do governo. Aécio, Eduardo Campos e Marina Silva representam propostas de mudança para o Brasil e estão unidos na crítica ao modelo atual do PT", afirmou o senador Cássio Cunha Lima (PB), vice-presidente do PSDB.
Líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP) disse ter ficado "perplexo" com as declarações de Amaral. "Imagino que no momento em que um partido se inscreve na disputa dentro de um conceito de mudança, o principal adversário tem de ser quem está no poder. Tenho a convicção de que o Eduardo não endossa essa atitude sectária, hostil e míope."
Roberto Amaral não deu entrevistas nesta sexta-feira sobre o tema.
Na mesma linha dos tucanos, Eduardo Campos frisou que ao PSB não interessa disputas fratricidas. "Não teremos nenhuma posição contra quem quer que seja, nem contra o senador Aécio Neves assim como não tivemos nenhuma posição contra a presidente da República."
O governador repetiu a mesma frase já usada anteriormente para se referir a Dilma: "Não vamos transformar este debate em um ringue". "É legítima a caminhada do PSDB como é a do PT e a nossa, de construir um pensamento junto com a Rede e oferecer este pensamento ao País."
Para os tucanos, a briga antecipada entre PSDB e PSB só ajuda Dilma e reforça a tese do marqueteiro da presidente, João Santana, que em entrevista profetizou sobre "antropofagia dos anões" na eleição.
O senador Cunha Lima afirmou que deseja promover um encontro entre Aécio e Campos para que ambos possam discutir de forma programática mudanças necessárias para o Brasil. Na visão do senador, esse diálogo pode ser iniciado desde pensando numa aproximação efetiva entre os dois num eventual 2.º turno.
O secretário nacional do PSB, Carlos Siqueira, enfatizou que o partido vê Aécio como "potencial aliado" na disputa. "Todos que disputam são adversários e no caso do Aécio ele é, inclusive, um potencial aliado caso a gente chegue ao 2.º turno."
Campos fez questão de destacar a relação de "grande respeito" que mantém com Aécio Neves e relembrou que desde 1984 eles estiveram juntos, mesmo em campos políticos distintos, em defesa de grandes temas da política nacional. "Quando fomos deputados federais juntos e o apoiamos para ser presidente da Câmara, construímos um ponto programático que falava da legislação participativa", disse. "Foi um compromisso assumido e cumprido por ele."