O ministro da Educação, Aloizio Mercadante afirmou, nesta sexta-feira (25), que as mudanças feitas pelo MEC na edição de 2012 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), para garantir melhores mecanismos contra fraude e um sistema mais justo de correção, vai acarretar em um custo maior para o governo, principalmente por causa da contratação de mais funcionários para trabalhar na aplicação e correção das provas.
"Vai ter um aumento de custo principalmente porque nós aumentamos o rigor da fiscalização e, sobretudo, o aumento nos corretores", disse Mercadante em frente à Empresa Brasil de Comunicação (EBC), após gravar o programa Bom Dia, Ministro, em Brasília. O número vai aumentar 40%, segundo ele, de 3 mil para 4.200 corretores.
Ele afirmou, porém, que o aumento dos gastos é justificado. "É um custo muito menor do que os erros que nós podemos ter", afirmou. Segundo o ministro, o MEC vai divulgar em julho o manual de orientação aos candidatos sobre a redação do exame, que terá as inscrições abertas na próxima segunda-feira (28).
O manual servirá como guia para que os candidatos entendam as mudanças no sistema de correção da redação. A partir deste ano, a redação será corrigida por dois corretores de forma independente, sem que um conheça a nota atribuída pelo outro. A nota final é composta de cinco notas, que avaliam competências específicas do candidato.
A nota final corresponde à média aritmética simples das notas atribuídas pelos dois corretores. Caso haja discrepância de 200 pontos ou mais na nota final atribuída pelos corretores (em uma escala de 0 a 1.000), ou de 80 pontos ou mais em pelo menos uma das competências, a redação passará por um terceiro corretor, em um mecanismo que o Inep chama de "recurso de oficio". Se a discrepância persistir, uma banca certificadora composta por três avaliadores examinará a prova. Os candidatos poderão solicitar vistas da correção, porém não poderão pedir a revisão da nota.
Outra novidade na redação é o acesso dos candidatos à correção da prova. "Fizemos um acordo na Justiça para que todos os alunos tenham acesso à redação após o exame, para que cada um receba [a prova] para fins pedagógicos", disse Mercandante.
Subjetividade
Mesmo com as novas regras de correção, que tentam diminuir o número de reclamações dos candidatos, o ministro afirmou que é impossível criar um sistema 100% objetivo de correção das redações. "O texto sempre tem uma subjetividade, não é uma ciência exata."
O ministro afirmou ainda que, para 2012, o MEC triplicou o número de itens monitorados no processo logístico de aplicação do Enem "Mudamos a gestão e a logística, para fazer uma prova com 5,4 milhões de estudantes em todo o território, temos que percorrer 304 mil km, temos 400 mil fiscais trabalhando no dia, as provas têm que chegar na hora, voltar na hora, ter as mesmas regras de conduta."
Ele também explicou que o MEC tem como objetivo abrir o banco de itens de questões do Enem para consulta pública. Porém, isso só será feito, de acordo com Mercadante, quando o banco tiver um número mínimo de mais de 50 mil itens. O ministro não revelou o número de questões atualmente no sistema.