Dias antes de anunciar o encerramento de seu escritório no Brasil, o X (antigo Twitter) recebeu novas ordens do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, para bloquear perfis de bolsonaristas que atacaram investigadores da Polícia Federal (PF) nas redes sociais. As investigações envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro.
ENCERRAMENTO DAS OPERAÇÕES NO BRASIL
Neste sábado, o X anunciou o fim de sua operação no Brasil. A empresa atribuiu a decisão às medidas tomadas por Alexandre de Moraes, sem fornecer mais detalhes. Nesta semana, a Polícia Federal realizou uma nova operação contra bolsonaristas, no âmbito de uma investigação aberta após eles terem coordenado ataques em massa a delegados da PF envolvidos nas investigações relacionadas a Jair Bolsonaro e seus aliados.
BLOQUEIOS DE CONTAS E MULTAS
A operação foi autorizada por Alexandre de Moraes, que também determinou o bloqueio das contas nas redes sociais dos investigados, incluindo o senador Marcos do Val. O parlamentar teve todos os seus bens e contas bancárias bloqueados, além dos perfis em redes sociais. No entanto, o X não cumpriu a determinação em relação ao senador, que segue fazendo postagens. Moraes estipulou uma multa diária em caso de descumprimento da ordem.
Além do senador Marcos do Val, Allan dos Santos e Oswaldo Eustáquio também tiveram suas contas bloqueadas. Contra eles, o ministro ainda expediu novas ordens de prisão, mas ambos estão foragidos no exterior. No caso desses dois, as contas no X foram bloqueadas.
REAÇÃO DE ELON MUSK
O proprietário do X, Elon Musk, compartilhou documentos sobre a determinação de Alexandre de Moraes. Em seu perfil oficial, Musk chegou a divulgar a mais recente ordem do ministro, relacionada justamente a essa investigação.
SUPOSTA AMEAÇA DE PRISÃO
A conta oficial do X que anunciou o encerramento da operação no Brasil mencionou que uma advogada da empresa teria sofrido uma ameaça de prisão caso as determinações não fossem cumpridas. O STF não comentou o caso.
HISTÓRICO DE CONFLITOS ENTRE MUSK E MORAES
O embate entre Elon Musk e Alexandre de Moraes teve início em abril, quando Musk acusou o ministro de promover "censura" no Brasil e ameaçou não cumprir medidas judiciais que restringissem o acesso a perfis na plataforma. Por conta disso, Musk foi incluído no inquérito das milícias digitais do STF, relatado por Moraes.
Em uma resposta a um seguidor, o bilionário chamou o ministro de "Darth Vader do Brasil", em referência ao famoso vilão da série de filmes Star Wars, que serve ao Império Galático e ajuda a manter a galáxia sob repressão.
Dois meses depois, Musk voltou a criticar decisões judiciais de Moraes, que determinavam a retirada de conteúdos ou perfis do ar. Musk reproduziu um comunicado do departamento de Assuntos Governamentais Globais do X, afirmando que Moraes havia determinado a exclusão de publicações que criticavam um político brasileiro, dando à plataforma um prazo de apenas duas horas para cumprir a decisão.
MULTA APLICADA AO X
A rede social não mencionou o nome do político, mas a referência era ao caso do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). O X foi multado em R$ 700 mil por Moraes por não retirar postagens consideradas ofensivas ao parlamentar. Moraes havia determinado o bloqueio de uma conta na rede social e a remoção de sete postagens da usuária, com um prazo de duas horas para o cumprimento da decisão, sob pena de multa diária de R$ 100 mil.