Uma série de escutas telefônicas realizadas pela Polícia Federal, em fevereiro, durante a Operação Monte Carlo revela uma ligação de Túlio Maravilha com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. De acordo com informações do jornal "O Globo", o jogador, que atualmente joga no Tanabi, na quarta divisão do Paulista, teria procurado o contraventor enquanto era vereador em Goiânia, em março de 2011, com interesse em contratá-lo como funcionário fantasma.
A voz de Túlio não foi identificada nas ligações. Apenas as de Cachoeira e do vereador de Goiânia Santana Gomes (PMDB), que citam o nome do jogador inúmeras vezes. O advogado do atleta, Levy Leonardo, confirmou que o cliente recebeu R$ 30 mil do bicheiro para sua fracassada campanha de deputado estadual em 2010.
- Túlio é uma pessoa muito carismática. Ele se envolve com as pessoas, conhece bastante gente. Um dado importante é que Cachoeira é botafoguense. Pode ter vindo daí esse conhecimento dele com o Túlio. Mas envolvimento em negócios, esquemas, nunca houve - afirmou ao "O Globo".
O interesse de nomear Cachoeira como funcionário fantasma foi detectado em uma ligação do contraventor com o contador Geovani Pereira, que estava usando o telefone do vereador Santana, em 13 de março.
- (Santana) descobriu o que o Túlio quer com você. O Túlio quer nomear você no gabinete dele. Diz que teve problema com o goleiro do Morrinhos (time de futebol do interior de GO) - disse Geovani a Cachoeira, rindo.
O bicheiro retorna a ligação pouco mais de uma hora depois:
- Descobri tudo, viu. Conluio. Wladimir e Túlio para mim (sic) ser laranja. Os dois iam partir o salário - diz Cachoeira, em referência a Wladimir Garcez (PSDB), ex-presidente da Câmara de Vereadores de Goiânia.
Fita teria uma "bomba"
A ligação de Túlio com o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), também é identificada nas gravações. Uma fita com imagens comprometedoras estaria com o suplente de Luciano Pedroso (PSB) ou com um homem chamado de Urto. De acordo com o vereador Santana, ambos queriam a vaga do jogador na Câmara.
Em 13 de março, Cachoeira parece disposto a adquirir a fita e orienta Santana a procurar Urto. Um dia depois, após encontro com Pedroso, Santana fala sobre a fita para Cachoeira:
- Glicerina (sic) pura. Uma bomba.
Em seguida, Santana cogita editar a fita. Quatro dias depois, avisa a Luciano que o serviço custará R$ 300 mil, mais dois cargos. Em 31 de março, Cachoeira conversa com um homem, que é idenficado como jornalista ou blogueiro, sobre o conteúdo das gravações:
- O Túlio, jogador de futebol, tem uma fita dele aqui com o prefeito do PT de Goiânia. O Túlio pede mais, e o prefeito concorda. É nesse contexto aí - disse o bicheiro.
A fita nunca veio a público. Em setembro, Túlio renunciou ao cargo de vereador em Goiânia e foi contratado para jogar no Bonsucesso, no Rio de Janeiro. Em seguida, foi para o CSE, de Alagoas, e agora atua pelo Tanabi, em São Paulo.