Espionagem: jornalistas, políticos e ministros do STF eram alvo de operação ilegal da ABIN

A Abin teria rastreado centenas de dispositivos móveis de pessoas associadas ao STF, incluindo servidores do tribunal, advogados, policiais, jornalistas.

Abin teria rastreado centenas de dispositivos móveis de pessoas associadas ao STF | Divulgação/ABIN
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Investigadores envolvidos na operação conduzida nesta sexta-feira (20), contra um esquema de rastreamento ilegal de dispositivos móveis por parte de funcionários da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) afirmaram que a agência monitorou de forma irregular, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, jornalistas, políticos e ministros do Superior Tribunal Federal (STF). Essas informações foram divulgadas pelo portal G1.

Conforme reportado, a Abin teria rastreado centenas de dispositivos móveis de pessoas associadas ao STF, incluindo servidores do tribunal, advogados, policiais, jornalistas e até os próprios ministros, ao longo de vários meses. A investigação teria identificado cerca de 33.000 acessos à localização dos aparelhos.

A PF realizou duas prisões preventivas, afastou cinco pessoas de suas funções e efetuou 25 mandados de busca e apreensão em diversos estados, incluindo São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Goiás e o Distrito Federal, uma ação autorizada pelo STF.

De acordo com as investigações, a rede de telefonia brasileira teria sido alvo de invasões "repetidas vezes", com o uso do sistema de geolocalização da Abin, adquirido com recursos públicos.

Além do uso indevido desse sistema, a Polícia Federal (PF) também está investigando a conduta de dois funcionários que teriam utilizado seu conhecimento sobre o uso inadequado do sistema como forma de coerção indireta para evitar a demissão durante um processo administrativo disciplinar.

CGU vai determinar que fabricante de software entregue nomes espionados

A Controladoria-Geral da União vai determinar à empresa israelense Cognyte que informe quem foram as pessoas ilicitamente espionadas pelo software FirstMile. Segundo o colunista José Roberto de Toledo (UOL), a CGU e a Polícia Federal investigam se funcionários da Agência Brasileira de Inteligência fizeram uso indevido do FirstMile durante o governo Bolsonaro para vigiar a movimentação dos donos de telefones celulares sem a necessária autorização judicial. O serviço foi contratado pela Abin junto à Cognyte durante o governo Temer, sem licitação.

Abin se manifesta

A Abin, por meio de um comunicado, declarou que em 23 de fevereiro havia finalizado um relatório da corregedoria-geral que apontava indícios do uso irregular do sistema de geolocalização desde dezembro de 2018. A partir disso, em março de 2023, foi instaurada uma sindicância interna, e todas as informações apuradas foram repassadas para a PF e para o Supremo Tribunal Federal.

“Todas as requisições da Policia Federal e do Supremo Tribunal Federal foram integralmente atendidas pela Abin. A Agência colaborou com as autoridades competentes desde o início das apurações. A Abin vem cumprindo as decisões judiciais, incluindo as expedidas na manhã desta 6ª feira (20.out.2023). Foram afastados cautelarmente os servidores investigados. A Agência reitera que a ferramenta deixou de ser utilizada em maio de 2021. A atual gestão e os servidores da Abin reafirmam o compromisso com a legalidade e o Estado Democrático de Direito.”, informou o comunicado da Abin.

O veículo de imprensa Poder360 tentou contatar a PF para confirmar os detalhes do caso, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. Da mesma forma, o Supremo Tribunal Federal foi procurado pelo jornal digital em relação ao rastreamento de ministros, mas afirmou que não se manifestaria, uma vez que a investigação segue em sigilo.

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