O representante do Brasil na reunião entre os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Guiana, Irfaan Ali, na próxima quinta-feira (14), será Celso Amorim, assessor da presidência da República.
O encontro está programado para ocorrer em São Vicente e Granadinas, na região do Caribe, que atualmente detém a presidência temporária da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). Cabe ressaltar que a Celac é encarregada de organizar a reunião em colaboração com a Comunidade do Caribe (Caricom).
No domingo passado (10), a decisão de enviar Celso Amorim como representante do Brasil foi tomada durante uma conversa entre o chanceler Mauro Vieira e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Após a definição do nome de Amorim, Vieira entrou em contato por telefone com o primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves, confirmando a participação do assessor especial na reunião. Vale destacar que o governo guianês chegou a convidar Lula para participar do encontro como observador.
Amorim viajou a Caracas há cerca de duas semanas, e tem sido o principal articulador na retomada das relações diplomáticas do Brasil com a Venezuela, desde que Lula assumiu seu terceiro mandato. Foi Amorim o responsável pelas conversas para a reabertura da embaixada brasileira no país.
A Venezuela afirma ser a verdadeira proprietária de Essequibo, um trecho de 160 quilômetros quadrados que corresponde a cerca de 70% de toda a Guiana e atravessa seis dos dez estados do país. A realização do referendo reavivou a disputa, de décadas, e o temor de um conflito armado na fronteira com o Brasil.
O presidente guianês confirmou que irá à reunião. O governo venezuelano ainda não havia se manifestado sobre a reunião até a última atualização desta reportagem, mas, nesta manhã, Maduro disse ter debatido a realização de "uma reunião de alto nível nos próximos dias".
Primeiro, Nicolás Maduro disse ser necessário "sentar e conversar" com a Guiana e com a ExxonMobil – petroleira que tem campos na região. Horas depois, o presidente da Guiana disse que não se opõe a dialogar.
As declarações ocorreram após Maduro falar por telefone com Lula. Na ligação, Lula pediu o diálogo entre os dois países sul-americanos e se disse preocupado, em uma intermediação que vinha sendo esperada ao longo da semana.