Os Estados Unidos suspenderam o visto do presidente interino de Honduras, Roberto Micheletti, de seu chanceler Carlos López e de 14 juízes da Suprema Corte de Justiça, em uma nova medida de pressão para levar à assinatura do acordo de San José, que prevê a restituição ao poder do presidente eleito Manuel Zelaya.
A medida foi anunciada pelo próprio Micheletti neste sábado, que disse ter sido informado pelo Cnsulado dos Estados Unidos em Tegucigalpa, capital hondurenha. "Recebi uma carta do consulado americano em Honduras, na qual me informam que suspenderam o visto de entrada nos EUA, em razão dos fatos de 28 de junho (quando Zelaya foi deposto), afirmou. "Esta é uma mostra da pressão que o governo dos EUA exerce em nosso país", acrescentou.
Pressão econômica
Há pouco mais de um mês, Washington já havia suspendido o visto diplomático de alguns funcionários de governo interino, cuja legitimidade não é reconhecida pela comunidade internacional.
Dessa vez, porém, as autoridades norte-americanas, segundo Micheletti, suspenderam também seu visto de entrada como turista aos Estados Unidos. Segundo o líder interino, a carta enviada pelo consulado americano, na qual informam a suspensão de seu visto foi dirigida ao presidente do Parlamento --cargo que Micheletti ocupava antes do derrocamento do governo eleito-- e "não como presidente de Honduras",
A medida se soma à decisão tomada na quinta-feira pela Casa Branca de suspender uma ajuda de US$11 milhões que seriam destinados a Honduras para o desenvolvimento de projetos de cooperação. Na quarta-feira foi a vez do FMI (Fundo Monetário Internacional) anunciar o congelamento de um crédito correspondente a US$ 164 milhões, ação que pode ser considerada como a pior sanção econômica aplicada ao governo liderado por Micheletti até agora.
Em resposta, o ex-parlamentar disse que a decisão dos EUA "não muda em nada minha situação porque não estou disposto a retroceder", afirmou. "Isso não vai mudar nosso pensamento, nossa mentalidade e nosso desejo de viver em democracia", disse. As novas medidas de pressão dos Estados Unidos estão sendo vistas como uma "vitória, ainda que insuficiente", pela Frente de Resistência Contra o Golpe, que mantém mobilizações nas ruas das principais cidades do país, exigindo o retorno de Zelaya à Presidência. Eleições A direção da Frente rejeita a campanha eleitoral em curso para as eleições gerais de novembro, por considerar que não há "legitimidade e transparência" para a realização de um pleito democrático.
A Organização de Estados Americanos (OEA), Brasil e a maioria dos países da região advertiram que não reconhecerão o resultado das eleições, caso Zelaya não seja restituído. O acordo de San José, rejeitado por Micheletti e seus aliados, prevê, entre outros pontos, o retorno de Zelaya à Presidência, a antecipação das eleições gerais agendadas para novembro e o abandono da proposta de consulta popular para convocar uma Assembléia Constituinte --medida que foi utilizada como argumento pela oposição para depor a Zelaya.