“Eu não entrego o país”, afirma Dilma

A pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, voltou a criticar neste sábado (10) as privatizações feitas durante o governo tucano

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A pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, voltou a criticar neste sábado (10) as privatizações feitas durante o governo tucano do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a afirmar que não permitirá ?que o patrimônio nacional seja dilapidado?. Em discurso durante um evento de sindicalistas no ABC Paulista, a ex-ministra da Casa Civil criticou a oposição: ?Eles precisam dizer quem são?.

?Tenham certeza de que nunca, jamais me verão tomando decisões ou assumindo posições que signifiquem a entrega das riquezas nacionais a quem quer que seja. Não vou destruir o Estado?, disse Dilma. ?Eu nunca traí os interesses e os direitos do povo. E nunca trairei. Vocês não me verão por aí pedindo que esqueçam o que afirmei ou escrevi?, disse a pré-candidata em referência ao ex-presidente FHC.

Ao lado de Lula, Dilma participou hoje de um evento organizado por sindicalistas metalúrgicos. A participação de Dilma no encontro foi uma estratégia petista para contrapor o evento de lançamento da pré-candidatura de seu principal adversário, o tucano José Serra (PSDB-SP), realizado nesta manhã em Brasília. O evento petista começou no mesmo momento em que teve início o encontro tucano.

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Em São Paulo, após o discurso de Dilma, Lula criticou a festa tucana e citou trechos de discursos da oposição para reforçar posicionamentos do partido. O presidente lembrou do discurso do ex-governador de Minas Aécio Neves, que disse que o governo tucano fará mais privatizações se for preciso.

?O momento auspicioso foi quando o ex-governador de Minas disse que é preciso reforçar as privatizações. Foi o momento de maior aplauso na festa dele. Mas se não fosse o Banco do Brasil, a Caixa Econômica, o BNDES, nós teríamos sucumbido na crise. Quem fala isso pensa que tem que entregar os dedos porque os anéis entregaram há muito tempo?, rebateu Lula.

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Leia a íntegra do discurso de Dilma Rousseff:

Companheiros e Companheiras do ABC.

Estou aqui hoje e quero aproveitar este momento para me identificar com maior clareza. Os da oposição precisam dizer quem são. Vocês sabem quem eu sou, e vão saber ainda mais. O que eu fiz, o que planejo fazer e, uma coisa muito importante, o que eu não faço de jeito nenhum. Por isso gostaria de dizer que:

1 Eu não fujo quando a situação fica difícil. Eu não tenho medo da luta. Posso apanhar, sofrer, ser maltratada, mas estou sempre firme com minhas convicções. Em cada época da minha vida, fiz o que fiz por acreditar no que fazia. Só segui o que a minha alma e o meu coração mandavam. Nunca me submeti. Nunca abandonei o barco.

2 Eu não sou de esmorecer. Vocês não me verão entregando os pontos, desistindo, jogando a toalha. Vou lutar até o fim por aquilo em que acredito. Estarei velhinha, ao lado dos meus netos, mas lutando sempre pelos meus princípios. Por um País desenvolvido com oportunidades para todos, com renda e mobilidade social, soberano e democrático;

3 Eu não apelo. Vocês não verão Dilma Rousseff usando métodos desonestos e eticamente condenáveis para ganhar ou vencer. Não me verão usando mercenários para caluniar e difamar adversários. Não me verão fazendo ou permitindo que meus seguidores cometam ataques pessoais a ninguém. Minhas críticas serão duras, mas serão políticas e civilizadas. Mesmo que eu seja alvo de ataques difamantes.

4 Eu não traio o povo brasileiro. Tudo o que eu fiz em política sempre foi em defesa do povo brasileiro. Eu nunca traí os interesses e os direitos do povo. E nunca trairei. Vocês não me verão por aí pedindo que esqueçam o que afirmei ou escrevi. O povo brasleiro é a minha bússola. A eles dedico meu maior esforço. É por eles que qualquer sacrifício vale a pena.

5 Eu não entrego o meu país. Tenham certeza de que nunca, jamais me verão tomando decisões ou assumindo posições que signifiquem a entrega das riquezas nacionais a quem quer que seja. Não vou destruir o estado, diminuindo seu papel a ponto de tornar-se omisso e inexistente. Não permitirei, se tiver forças para isto, que o patrimônio nacional, representado por suas riquezas naturais e suas empresas públicas, seja dilapidado e partido em pedaços . O estado deve estar a serviço do interesse nacional e da emancipação do povo brasileiro.

6 Eu respeito os movimenos sociais. Esteja onde estiver, respeitarei sempre os movimentos sociais, o movimento sindical, as organizações independentes do povo. Farei isso porque entendo que os movimentos sociais são a base de uma sociedade verdadeiramente democrática. Defendo com unhas e dentes a democracia representativa e vejo nela uma das mais importantes conquistas da humanidade. Tendo passado tudo o que passei justamente pela falta de liberdade e por estar lutando pela liberdade, valorizo e defenderei a democracia. Defendo também que democracia é voto, é opinião. Mas democracia é também conquista de direitos e oportunidades. É participação, é distribuição de renda, é divisão de poder. A democracia que desrespeita os movimentos sociais fica comprometida e precisa mudar para não definhar. O que estamos fazendo no governo Lula e continuaremos fazendo é garantir que todos sejam ouvidos. Democrata que se preza não agride os movimentos sociais. Não trata grevistas como caso de polícia. Não bate em manifestantes que estejam lutando pacificamente pelos seus interesses legítimos.

Companheiras e companheiros,

Aquele país triste, da estagnação e do desemprego, ficou pra trás. O povo brasileiro não quer esse passado de volta.

Acabou o tempo dos exterminadores de emprego, dos exterminadores de futuro. O tempo agora é dos criadores de emprego, dos criadores de futuro.

Porque, hoje, o Brasil é um país que sabe o quer, sabe aonde quer chegar e conhece o caminho. É o caminho que Lula nos mostrou e por ele vamos prosseguir. Avançando. Com a força do povo e a graça de Deus.

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