O presidente da Bolívia, Evo Morales, disse na sexta-feira, 5, que "o imperialismo americano" tem medo de seu Governo, em resposta a um relatório do Serviço de Inteligência dos Estados Unidos, que inclui o país sul-americano entre as nações que ameaçam a estabilidade regional.
"O imperialismo tem medo de nós, e essa é a luta histórica de nossos antepassados pela independência, pela libertação, sob a rebelião de nossos povos", disse Morales em um ato na região de Chuquisaca (sudeste).
As palavras foram ditas em resposta ao relatório de Avaliação Anual de Ameaças da Comunidade de Inteligência dos EUA de 2009, apresentado na terça-feira passada, que assinala que a América Latina é estável, apesar da ameaça representada pela força regional liderada pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez.
Embora "a influência regional de Chávez possa ter chegado a seu limite, é provável que continue apoiando aliados e movimentos políticos afins em países vizinhos e busque derrubar Governos moderados favoráveis aos americanos", advertiu a análise.
"Os capitalistas, as empresas multinacionais, não podem mais acumular dinheiro como antes, não podem mais roubar dinheiro como antes, não podem mais saquear nossos recursos naturais. Essa é a diferença, é por isso que falam. Digam o que disserem, este processo é irreversível, é um caminho sem retorno", disse Morales.
As relações bilaterais entre Bolívia e Estados Unidos ficaram deterioradas desde que Morales assumiu a Presidência pela primeira vez, em 2006, e tiveram seu pior momento em setembro de 2008, quando os dois países expulsaram os embaixadores um do outro.
Washington e La Paz iniciaram em maio do ano passado um diálogo para melhorar as relações bilaterais e estabelecer um acordo de mútuo respeito, cuja assinatura ainda não tem data definida.
Apesar da aproximação, o líder boliviano mantém discurso contra os EUA, com fortes críticas ao Governo de Barack Obama e a seus aliados.