Nessa terça-feira (19), o ex-vereador Camilo Cristófaro (Avante-SP) teve seu mandato cassado em virtude de comentários racistas feitos em maio do ano passado. Durante sua defesa na Câmara Municipal de São Paulo, Cristófaro declarou que estava sendo "executado" pela decisão.
O político alegou que nunca havia sido acusado de racismo em lugares que frequentava na cidade de São Paulo. No entanto, apesar de suas alegações, o mandato de Cristófaro foi cassado com 47 votos a favor, 5 abstenções e nenhum voto contrário. O Dr. Adriano Santos (PSB) assumirá a vaga deixada pelo ex-vereador.
Durante sua defesa, a sessão foi marcada por gritos de outras pessoas que acompanhavam o evento. Cristófaro também mencionou seu relacionamento de 20 anos com Milton Leite, atual presidente da Casa, afirmando que todos os "vereadores antigos" costumavam se referir a Leite como "negão," enquanto ele se recusava a usar esse termo.
Cristófaro enfatizou que não teme ninguém além de Deus e afirmou que não se calará.
A defesa de Cristófaro argumentou que sua declaração não foi racista, pois não tinha a intenção de ofender. O advogado Ronaldo Andrade alegou que a declaração do vereador ocorreu durante uma conversa com um amigo de mais de 40 anos, enquanto ambos estavam em um carro, e Cristófaro participava de uma sessão remota da Câmara.
"Eu nunca fui chamado de racista em qualquer lugar desta cidade que frequento. O negro não é bobo, não. Ele sabe quem trabalha. Aqui ninguém está me julgando. Aqui estão me executando," declarou Camilo Cristófaro durante sua defesa.
Ronaldo Alves de Andrade, advogado de Cristófaro e ex-desembargador em São Paulo, afirmou: "Quanto ao racismo, estou com Djonga: é fogo nos racistas. Mas racismo, não linchamento, não tirar uma frase de contexto e classificar como racismo. Quando muito, seria preconceito racial. Racismo requer dolo, vontade deliberada de cometer o ato".
Mandato invalidado
A cassação do mandato de Cristófaro exigia pelo menos 37 votos a favor. A Câmara Municipal de São Paulo possui 55 vereadores, sendo que apenas Camilo Cristófaro (do Avante), Ely Teruel (Podemos) e Luana Alves (do PSOL, autora da denúncia) não votaram.
Cinco vereadores optaram pela abstenção: Abílio Francisco (Republicanos), Coronel Salles (PSD), Paulo Frange (PTB), Rute Costa (PSDB) e Sansão Pereira (Republicanos).
As declarações racistas de Cristófaro, registradas em um áudio vazado durante a CPI dos Aplicativos em 3 de maio de 2022, o tornaram o primeiro vereador cassado em São Paulo por racismo. Isso representa o terceiro caso de cassação na Câmara, após os casos de Vicente Viscome e Maeli Vergniano em 1999, conhecido como o escândalo da "Máfia dos Fiscais," durante a gestão do prefeito Celso Pitta (1997-2000). Hanna Garib, então deputado estadual, também teve seu mandato na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) cassado no mesmo ano devido ao seu envolvimento no mesmo esquema de corrupção quando era vereador.
Além disso, a Câmara teve outros dois vereadores afastados pela Justiça Eleitoral por infidelidade partidária: Netinho de Paula (eleito pelo PCdoB e então no PDT) em 2015 e Daniel Annenberg (eleito pelo PSDB e então no PSB) em março deste ano.
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