Uma falha humana, aliada às más condições climáticas, foi responsável pelo acidente que matou Eduardo Campos e outras seis pessoas que estavam com ele no avião que caiu em uma área residencial de Santos, no litoral paulista, em agosto do ano passado.
É o que consta no relatório divulgado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão da Força Aérea Brasileira (FAB), nesta terça-feira (19), em coletiva de imprensa em Brasília. A conclusão foi elaborada por 18 especialistas, baseados na análise do conteúdo das caixas-pretas da aeronave e em vídeos obtidos durante a investigação.
Os familiares das vítimas foram os primeiros a terem acesso ao documento, no início da tarde. Além de Campos, morreram no acidente o assessor de imprensa do então candidato à presidência, Carlos Percol; o assessor Pedro Valladares Neto; o cinegrafista Marcelo Lyra; o fotógrafo Alexandre Severo; o piloto Marcos Martins; e o copiloto Geraldo M. P. da Cunha.
De acordo com o documento, gravações de voz do piloto Martins evidenciam que ele estava cansado no voo que levou ao acidente. "Pela primeira vez no Brasil foi usado um sistema para verificar a voz do piloto e foi percebido voz dele fadiga e sonolência", disse o chefe do Cenipa, Brigadeiro Dilton José Schuck, durante a apresentação do relatório.
O Cenipa afirma que, na semana anterior ao acidente, entre os dias 1º e 5 de agosto, tanto piloto quanto co-piloto feriram a Lei do Aeronauta ao não descansar por um período de 12 horas entre um voo e outro, o que pode ter ocorrido novamente na manhã do acidente.
Além disso, documentos mostram que o co-piloto Geraldo M. P. da Cunha não tinha treinamento para pilotar o Cessna 560XL, procedimento obrigatório para isso. Martins ainda teria reclamado da postura profissional de Cunha semanas antes da tragédia.