Os familiares do candidato à Presidência da República Eduardo Campos, que morreu na quarta-feira em acidente aéreo, condicionaram a liberação do corpo com a dos demais mortos no jatinho particular, informou o colunista do Globo, Merval Pereira.
Em conversa com o primeiro vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, a viúva do pesebista, Renata, disse que aceitaria a liberação dos restos mortais sem maiores análises para o enterro de Campos, mas que não quer que isto aconteça sem que o mesmo ocorra com os outros seis que morreram no voo.
Amaral ainda revelou ao colunista que o governador Geraldo Alckmin disse ser provável a liberação do corpo nesta sexta-feira, o que confirmaria o enterro no sábado, conforme a previsão da família do presidenciável. Enquanto esperam a definição, familiares recebem as visitas de amigos e políticos em casa.Os visitantes salientam que a esposa de Campos, Renata, e os cinco filhos do casal, ainda que abalados com a tragédia, estão serenos.
FILHO DE CAMPOS FALA EM MANUTENÇÃO DO LEGADO DO PAI NA POLÍTICA
Um dos primos de Eduardo Campos, Joaquim Pinheiro, disse que os filhos do ex-governador estão reagindo com "firmeza" e que o filho homem mais velho, João Henrique Campos, 20 anos, apesar do luto, falou da manutenção do legado de Campos na política. - João disse que perdeu um pai e um líder, mas que tem de dar um jeito de que a bandeira dele não caia, para que os ideais dele sejam o futuro do país - relatou Joaquim.
O primo de Campos disse que o clima ainda é de "perplexidade" com a perda e que a família está tentando entender o que aconteceu e ajudar uns aos outros "para procurar não perder o chão". Joaquim esteve com Campos pela última vez no sábado, no Crato (CE), na festa de aniversário de 90 anos de sua mãe, tia-avó do candidato. Segundo o parente, Campos teria dançado boa parte da noite com a filha Maria Eduarda e a esposa Renata. O procurador-geral de Justiça de Pernambuco, Agnaldo Fenelon, afirmou que Campos foi um exemplo de gestor público para o estado e que o seu legado deve ser seguido. Segundo Fenelon, os familiares estão muito sentidos e conversando pouco com as visitas. - O luto é interminável para a família e para Pernambuco. Eduardo Campos era um exemplo de gestor público. Fica agora o seu legado para ser seguido, com um estado que está crescendo a cada dia. A família é muito forte, mas é um momento de silêncio e sentimento.
A dor nos olhos e nos abraços que eles dão é muito grande - pontuou. Motorista da família Arraes desde 1971, Everaldo Procópio, que atualmente era assessor de Eduardo Campos, também lamentou a perda. - Vivi minha vida toda com eles, deixei tudo para viver com eles - comentou. Do lado de fora da casa, um eleitor de Eduardo homenageou o candidato com uma gravação da música “Madeira que cupim não rói”, de Capiba.
A canção, uma espécie de hino da esquerda pernambucana, encabeçada pelo PSB, era a predileta do escritor Ariano Suassuna, tio da mulher de Campos. O escritor, que se engajou nas campanhas de Miguel Arraes e Eduardo e faleceu no mês passado, sempre puxava essa música nas concentrações de eventos políticos. - Vim aqui fazer essa homenagem ao guerreiro batalhador. Eduardo, sei que você está me ouvindo, Pernambuco toda está chorando. Que sua família continue o seu trabalho -declarou Pedro Roberto Salada. A expectativa dos familiares é que os restos mortais de Campos cheguem a Recife amanhã para que possa ter início o velório, com missa em praça em pública, na Praça da República, em frente ao Palácio do governo. O pedido de uma missa aberta foi feito pelo arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, e acatado por Renata Campos.