O FBI, a agência federal de investigações dos Estados Unidos, começou a colaborar com as autoridades brasileiras em relação a uma investigação que envolve alegações de um esquema de venda de joias e outros artigos de luxo que foram supostamente presenteados ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados. A Polícia Federal brasileira havia solicitado cooperação internacional junto às autoridades americanas, um pedido que foi aceito pelo governo dos Estados Unidos.
Com a assistência do FBI, a Polícia Federal busca reunir informações detalhadas sobre as transações das joias realizadas nos Estados Unidos por Bolsonaro e seus associados, incluindo o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e seu pai, o general Mauro Lourena Cid. De acordo com informações da Folha de S.Paulo, o FBI já está ativamente cooperando com as investigações em andamento.
Os investigadores estão particularmente interessados em rastrear a trilha do dinheiro gerado a partir da suposta venda ilegal das joias, com o intuito de determinar quem se beneficiou dessas transações. Tanto a família Cid quanto Bolsonaro possuem contas bancárias nos Estados Unidos, o que levanta a possibilidade de que essas contas tenham sido usadas nas operações, conforme fontes familiarizadas com as investigações afirmaram à Folha.
Além disso, tanto a loja quanto a casa de leilões onde as joias supostamente foram negociadas estão localizadas nos Estados Unidos. As autoridades pretendem mapear quem frequentou esses estabelecimentos e para quem os recursos provenientes da venda foram destinados.
Como anteriormente reportado pela Folha de S.Paulo, uma caixa de joias presenteada a Bolsonaro pela Arábia Saudita foi colocada à venda por uma loja de artigos de luxo em Nova York no início do ano. A investigação da Polícia Federal sugere que Mauro Cid esteve envolvido na tentativa de venda desse conjunto de joias e relógio da grife Chopard.
Esses itens foram destacados no catálogo de Dia dos Namorados da Fortuna Auction, publicado em 30 de janeiro, com um preço estimado entre US$ 120 mil e US$ 140 mil, aproximadamente R$ 611 mil a R$ 713 mil de acordo com a cotação da época. O leilão foi aberto no início de fevereiro.
Em uma delação prestada à Polícia Federal, Mauro Cid alegou que entregou parte do dinheiro proveniente da venda de relógios de luxo, recebidos como presentes de Estado, diretamente a Bolsonaro. Esse valor teria sido de US$ 68 mil, entregue de forma parcelada, com uma parte repassada nos Estados Unidos e outra no Brasil. O dinheiro resultante da venda dos relógios Rolex e Patek Philippe teria sido depositado na conta do pai de Cid, o general da reserva Mauro Lourena Cid, sacado e entregue diretamente nas mãos do ex-presidente, de acordo com as alegações de Cid.
É importante notar que Bolsonaro nega ter recebido qualquer dinheiro relacionado à venda das joias e a defesa do ex-presidente afirmou que a movimentação bancária está à disposição das autoridades, destacando que ele "jamais se apropriou ou desviou quaisquer bens públicos".