O ministro Teori Zavascki vinha demonstrando "preocupação com o que tinha para acontecer" por conta das informações a que teve acesso, diz Francisco Prehn Zavascki, filho do magistrado.
Teori, que morreu na quinta-feira (19) na queda de um avião em Paraty, estava prestes a homologar a delação da Odebrecht na Operação Lava Jato.“Ele demonstrou bastante preocupação com o que vinha. Ele realmente estava muito preocupado com o que tinha para acontecer. Ele realmente teve acesso a informações que tinham deixado ele bastante preocupado com o futuro das coisas”, afirmou Francisco em seu escritório no bairro Boa Vista, na Zona Norte de Porto Alegre na manhã desta sexta-feira (20).
O filho do ministro do STF diz que, em conversa recente, o pai não falou sobre particularidades das delações. Francisco lembra que Teori era uma pessoa reservada, mas que tinha todo o processo da Lava Jato na cabeça.“Ele não entrou em detalhes, só realmente demonstrou preocupação. Por isso, ele queria fazer [a homologação] o mais rápido possível, dar início início às investigações e cumprir o papel dele. Ele tinha todo o processo na cabeça. Toda a estratégia de como seguir daqui a diante. Acho que se perde uma quantidade de informação muito grande”, pontua.
Agora, o homologação das delações premiadas pode sofrer atraso até que seja designado um novo relator para tratar dos processos contra políticos no Supremo Tribunal Federal
Indagado sobre as especulações acerca da morte do pai, Francisco afirma que “seria leviano” fazer qualquer conclusão, e deixa para a investigação as conclusões sobre as circunstâncias da morte de Teori.
Entretanto, sentencia: “não gostaria de ser órfão de um pai assassinado”.“Seria muito ruim para o país, extremamente pernicioso que se imagine que um ministro foi assassinado. Que um juiz, seja ele de primeira instância, seja ele do Supremo Tribunal Federal, seja assassinado por causa de um processo que julgue”, afirma, para então finalizar com a afirmação que “eu torço para que tenha sido uma fatalidade, que tenha chegado a hora dele”.
O ACIDENTE
O avião prefixo PR-SOM era um modelo Hawker Beechcraft King Air C90 e pertencia ao grupo Emiliano Empreendimentos. De pequeno porte, tinha capacidade para oito pessoas.
Segundo a Infraero, a aeronave decolou às 13h01 do Campo de Marte, em São Paulo, com destino a Paraty, e caiu próximo à Ilha Rasa, a 2 km de distância da cabeceira da pista do aeroporto da cidade fluminense.
O acidente ocorreu por volta das 13h45.Ainda não está totalmente claro o que ocorreu. Chovia bastante no momento do queda, segundo imagens de radar. O mau tempo é um fator que pode comprometer a aproximação do aeroporto de Paraty, em que as aterrissagens só podem acontecer em condição visual.
Testemunhas disseram que não houve explosão. Uma delas afirmou ter visto o avião voando baixo ao fazer uma curva e batendo uma das asas no mar.A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que a documentação da aeronave estava regular. O certificado era válido até abril de 2022, e inspeção da manutenção (anual) estava válida até abril de 2017.
O piloto Osmar Rodrigues, de 56 anos, era conhecido por ser "muito cuidadoso" e chegou a dar palestra para outros pilotos sobre como fazer a rota São Paulo-Paraty, segundo informações do Bom Dia Brasil.
INVESTIGAÇÕES
A apuração das razões técnicas que contribuíram para o acidente, como a influência do mau tempo, da aeronave e do piloto, ficam a cargo do Cenipa, que esteve no local da queda na quinta-feira. Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF) irão apurar se houve eventual intenção deliberada de derrubar o avião.O MPF de Angra dos Reis, no litoral sul do Rio de Janeiro, abriu inquérito a respeito.
A responsável é a procuradora da República Cristina Nascimento de Melo.Na PF, o inquérito está sob responsabilidade do delegado chefe da corporação em Angra, Adriano Antonio Soares. O policial aguarda a chegada em Angra de um grupo da PF de Brasília, especializado em acidentes aéreos.