Flagrado em um dos vídeos do mensalão do Distrito Federal guardando dinheiro nas meias, o deputado distrital Leonardo Prudente (sem partido) reassumiu o comando da Câmara Legislativa do DF nesta quarta-feira. Como a Casa está em recesso até o dia 10 de janeiro, Prudente reassume os trabalhos efetivamente daqui a duas semanas.
O deputado havia se licenciado do cargo em meio às acusações de participação no suposto esquema de pagamento de propina a aliados do governador José Roberto Arruda (sem partido), mas vai estar no comando da Casa durante o julgamento dos processos de impeachment do governador.
A recondução de Prudente à presidência da Câmara Legislativa foi publicada nesta quarta-feira no "Diário Oficial" da Câmara do DF. A expectativa é que Prudente se afaste do cargo quando a Casa for colocar em julgamento o seu pedido de impeachment.
O atual presidente em exercício da Câmara Legislativa, deputado Cabo Patrício (PT), é de um partido de oposição a Arruda --que pediu desfiliação do DEM em meio à crise, assim como Prudente. O retorno de Prudente é uma estratégia do partido de Arruda para evitar que Patrício esteja no comando da Casa durante o julgamento dos processos de impeachment.
Além do governador, a Câmara vai analisar processos de perda de mandato contra os deputados Roney Nemer (PMDB), Berinaldo Pontes (PP), Benício Tavares (PMDB), Benedito Domingos (PP), Leonardo Prudente(DEM), Eurides Brito (PMDB), Júnior Brunelli (PSC), Pedro do Ovo (PRP), Aylton Gomes (PMN) e Rogério Ulysses (PSB).
Prudente aparece em um dos vídeos realizados por Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais do governo Arruda, que decidiu denunciar o esquema em troca da delação premiada. Nas imagens, Prudente aparece guardando dinheiro nos bolsos do paletó e nas meias. As imagens mostram o próprio Barbosa entregando dinheiro ao deputado.
Ao justificar as imagens no final de novembro, o deputado disse que guardou dinheiro nas meias por questões de segurança. Prudente afirmou que os recursos foram oferecidos por Barbosa durante a campanha eleitoral, e não teriam sido declarados à Justiça Eleitoral.
Desfiliação
Ameaçado de expulsão, Prudente anunciou na semana passada sua desfiliação do DEM "por questão de foro íntimo". Com a decisão, o deputado não poderá disputar as eleições de 2010. Segundo o secretário-geral do DEM no DF, Flávio Couri, o partido pode, agora, discutir se vai pedir o mandato dele na Justiça Eleitoral.
Prudente encaminhou um comunicado por fax aos integrantes do diretório do DEM no DF, que estavam reunidos para tratar de seu processo de expulsão. A reunião não chegou a ocorrer porque apenas oito dos 21 membros da executiva regional compareceram.
O deputado responde na Câmara local a dois processos por quebra de decoro parlamentar e pode ser cassado. O processo de expulsão de Prudente era dado como certo diante da pressão da Executiva nacional, que trabalhou para tirar dos quadros do partido o governador --que também se desfiliou às vésperas.