“Só é possível alcançar os objetivos com países ricos”, diz WD sobre G20

A reunião do G20 sobre fome e pobreza reuniu autoridades federais, estaduais e sociedade civil para discutir políticas públicas.

Abertura do G20 | Raíssa Morais
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Aconteceu na tarde desta segunda-feira (20), a abertura da reunião sobre enfrentamento à fome e combate à pobreza: contribuições da sociedade civil. A ação faz parte da agenda do G20 e conta com a participação de autoridades federais, estaduais, além de movimentos sociais organizados.

DIVERGÊNCIAS NA ABORDAGEM DA FOME

Durante o evento, Elisabetta Recine, dirigente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), destacou haver um desequilíbrio na forma de enxergar a fome e pobreza entre as autoridades, sobretudo na criação de políticas públicas que promovam a igualdade entre as pessoas. Ela reforçou ainda a importância da nova gestão do G20, comandada agora pelo Brasil.

"Nesse combate às desigualdades, há uma diversidade absurda, não só econômica, mas de experiências. Quando o presidente Lula assumiu o G20 e anuncia prioridades, tem duas coisas que a gente tem esperança e não são tão simples assim. Ter anunciado esse movimento de estabelecer um pacto entre esses países, para não só acabar com a fome, mas no caminho de justiça social e igualdade. Para acabar com a fome temos que transformar o mundo. Grande parte dos governos não chega perto do seu povo, não dialoga. Temos uma experiência no Brasil importantíssima", disse a presidente.

DIÁLOGOS SOBRE A TEMÁTICA AVANÇAM

O secretário Márcio Macêdo apontou para a evolução do debate sobre desigualdades. Em seu discurso, ele falou sobre eventos políticos recentes e pontuou que a luta dos últimos anos, a qual culminou com a eleição de Lula, foi fundamental para uma mudança de visão sobre a temática.

"Foi muito difícil chegar até aqui. Nós testemunhamos nossa ex-presidente ter um impeachment irregular. Nós vimos nosso presidente preso de forma injusta e também vimos o companheiro Haddad ter sua eleição tomada por desinformação e fake news. Nessa caminhada, muita gente foi importante para voltarmos ao governo do Brasil”, afirmou o secretário.

BRASIL NA PRESIDÊNCIA DO G20

Luciana Servo, representante do Instituto de Pesquisas Aplicadas (IPEA), ressaltou, em entrevista coletiva, sobre a importância do Brasil estar na presidência da G20. Para ela, a posição do país em não adotar posturas extremas com relação a conflitos internacionais, o que facilita e proporciona a possibilidade de diálogo de debater as desigualdades.

Luciana Servo, representante do Instituto de Pesquisas Aplicadas (IPEA)/ FOTO: Alécio Rodrigues

“O Brasil não é visto como um país que se coloca na polarização. [...] Tanto que se vocês observarem, vocês estão tendo países como China e Estados Unidos sentando a mesa, ou como a Rússia e outros países sentando a mesa, que nos fóruns globais às vezes essas negociações ficam difíceis. Se tem um momento propício para a gente discutir reformas do multilateralismo, reforma do sistema bancário internacional e pensar um movimento de redução e desigualdade, é exatamente esse momento, onde o G20 está acontecendo num país que não assume posições extremas”, disse Luciana Servo.

De acordo com ela, o governo brasileiro se propõe uma aliança global de combate à fome e à pobreza. “A expectativa nossa é não só sair do mapa da fome, mas também ampliar bastante a melhoria dos indicadores de segurança alimentar do país e contribuir para essa melhoria na discussão com esses países e com o mundo”, declarou. 

Jorge Meza, representante da FAO no Brasil./Foto: Alécio Rodrigues

Cooperação global

Jorge Meza, representante no Brasil da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, sigla do inglês Food and Agriculture Organization) frisou a necessidade de cooperação de ideias entre os países para enfrentar desafios que afetam não apenas um, mas todo o mundo.

"Exatamente, há uma disposição, no sentido de que todos os países busquem dar conta do bem-estar da população. Então o esforço dentro dos países que se está dando, eu acho que é muito importante o intercambio de experiências de políticas públicas e de compromissos, o sentido de lutar de maneira conjunta com decisões políticas que têm a ver com os aspectos que são em todo o mundo do contexto internacional, mas que afetam, efetivamente, as situações dos países, como, por exemplo, com o mercado, as alianças comerciais, os posicionamentos",disse o representante. 

Sobre em como as cidades ficam afetadas em questão de alimentos após guerras ou tragédias climáticas, Jorge Meza disse que "a FAO, todos os anos faz um relatório ao respeito da situação de segurança alimentária no contexto local. A próxima edição do documento da FAO vai ser publicada em 24 de julho, e aí teremos a informação. [...] Os dados ainda estão em processamento e vão ser publicados”, realçou. 

Regina Sousa fala sobre o desenvolvimento do Piauí./Foto: Alécio Rodrigues

Crescimento Do Piauí

A secretária de Assistência Social do Piauí, Regina Sousa, fez questão de cobrar a defesa dos dados referentes ao crescimento do estado. Segundo ela, o Piauí reúne todas as condições para liderar as discussões sobre desenvolvimento. "Ninguém solta a mão de ninguém. Ninguém olha pro caminho que a gente fez, os dados que estão melhorando. Não é pouca coisa sair de um IDH baixo para um alto. Foi muito investimento. Não dá pra engolir calado uma coisa dessa. Olha quanto era o analfabetismo e quanto é agora. Nós temos muitos dados pra responder isso", enfatizou. 

"Priorizar os que mais precisam”, DIZ GOVERNADOR DO PIAUÍ

O governador do Piauí, Rafael Fonteles, expressou otimismo em relação à possibilidade de erradicar a fome em um período menor do que o necessário desde 2003, quando a desigualdade era ainda mais pronunciada.

"Priorizar os que mais precisam, priorizar a redução da pobreza. Parabenizar o ministro Wellington Dias que comanda muito bem essas prioridades. Esse momento, aqui em Teresina, fica ainda mais especial quando vemos que o Piauí tem muito o que celebrar quando avaliamos nossos indicadores. O Piauí fez um trabalho excepcional com base nos números de nordeste e país. Parabenizar pela luta histórica da nossa ex-governadora, Regina Sousa, pelos que mais precisam”, ressaltou Rafael Fonteles. 

rAFAEL FONTELES DURANTE G20./fOTO: aLÉCIO ROGRIGUES

aliança em políticas sociais

No evento, Leonardo Kazuo, representante internacional do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), explicou o órgão está colaborando com o Ministério das Relações Exteriores para estabelecer a aliança global solicitada pelo presidente Lula, para a realização de movimentos sociais. 

“ Essa aliança pretende criar uma série de políticas públicas, que devem ser apresentadas em novembro. Nós recebemos da sociedade civil uma dezenas de propostas que são ideias e experiências bem sucedidas. A grande dificuldade é selecionar. O princípio critério é a efetividade dos projetos. A ideia é incorporar essas propostas na Caisan (Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural)”, destacou Leonardo. 

Leonardo Kazuo./Foto: Alécio Rodrigues

Liderança do Brasil contra a fome e pobreza

O ministro Wellington Dias destacou as iniciativas exitosas que fizeram com que o Piauí e o Brasil liderassem as discussões contra a fome e a pobreza. O ministro também cobrou a efetiva participação dos países ricos na contribuição para reduzir às desigualdades.

“Estamos tratando de um fórum que trabalha economia, correlação. A nossa delegação ela é muito dedicada. Participa do fórum do G20. Nosso querido Mauro Vieira é muito respeitado, junto ao ministro Fernando Haddad. Como dissemos, o presidente Lula lança uma proposta que foi aprovada para que os 20 países mais ricos do mundo levem a sério as questões climáticas e lança um desafio para que o mundo possa assumir compromisso contra a pobreza. Ele lançou, aqui no Piauí, o plano Brasil Sem Fome. O Brasil tem boas experiências. O que se deseja é aprovar um plano de país e, com base nele, ter organismos internacionais. Só é possível de alcançar esses objetivos se tiver a participação dos mais desenvolvidos. Esses 20 que compõem o G20 representam 85% da economia mundial e 70% do comércio", pontuou o ministro. 

Ministro Wellington Dias discorre sobre combate a fome no Brasil e Piauí./Foto: Alécio Rodrigues

O QUE É O G20? 

Teresina dá as boas-vindas a cerca de 50 delegações internacionais que chegam à capital piauiense para os eventos do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo.  O MDS e o Governo do Piauí, em parceria com a Secretaria-Geral da Presidência da República, promoveu nesta segunda-feira (20), os eventos do G20 Social. 

Nesta manhã, ocorreu o seminário intitulado "Na rota para o G20: a experiência recente do Piauí no combate à fome e à pobreza", reunião da Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan), que abordou propostas que devem ser levadas ao G20. 

O encontro de hoje precede a 3ª reunião da Força-Tarefa para a construção da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza no contexto do G20.

VEJA A AGENDA: 

Dias 22 a 24 - 3ª reunião da Força-Tarefa para construção da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza

Dia 22

  • Abertura da reunião - Coletiva de imprensa com ministro Wellington Dias e governador Rafael Fonteles
  • Horário: 10h30 (sujeito a mudanças)
  • Local: Centro de Convenções de Teresina
  • Em seguida, reuniões restritas às delegações

Dia 23

  • Reuniões restritas às delegações
  • Local: Centro de Convenções de Teresina

Dia 24

  • Encerramento da reunião - Coletiva de imprensa com ministro Wellington Dias e governador Rafael Fonteles
  • Horário: 12h30 (sujeito a mudanças)
  • Local: Centro de Convenções de Teresina
  • Visitas in loco
  • No fim da reunião, a imprensa é convidada a acompanhar visita a campo das delegações do G20, que partem do Centro de Convenções de Teresina
  • Horário: 14h
  • Locais: Horta comunitária do povoado Ave Verde (Associação dos Pequenos Produtores Rurais do povoado Ave Verde, rua Matões S/N, Povoado Ave Verde) e, em seguida, Espaço Rosa dos Ventos (Universidade Federal do Piauí - UFPI)

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