O ex-ministro da Saúde e pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, classificou como "irresponsável" a gestão da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) na atual crise de abastecimento de água vivida pelo Estado.
"A gestão da Sabesp foi irresponsável em todos os aspectos", declarou, referindo-se à questão da água, ao investimento no patrimônio da empresa e à relação com acionistas. "Faltou sinceridade e transparência por parte do governo do Estado", completou.
O petista participou de sabatina realizada na manhã desta terça-feira (6) pelo UOL em parceria com a Folha, o SBT e a rádio Jovem Pan.
Padilha disse que o governo estadual não fez os investimentos necessários em abastecimento de água."Só a Sabesp lucrou R$ 2 bilhões. Se tivesse investido em obras que precisavam ser feitas, não estaríamos nessa situação de crise", falou.
Questionado se estaria explorando politicamente e indevidamente a situação da água no Estado, ele disse: "Falta de ética é cortar a água de Campinas, cortar a água de Guarulhos, cortar a água de bairros de Osasco, da capital de São Paulo e falar que não está racionando".
A reportagem do UOL procurou a Sabesp, mas a empresa ainda não se pronunciou sobre as declarações do pré-candidato.
Perguntado se implantaria um racionamento de água no Estado, ele não respondeu e declarou que já há corte de água no Estado de São Paulo.
Pela primeira vez em sua história, o nível de armazenamento de água do Sistema Cantareira, principal fonte de abastecimento da região metropolitana da capital paulista, caiu para menos de 10%, atingindo 9,8% nesta terça-feira.
Padilha quer tirar aliados de Alckmin e atrair partidos de Maluf e Costa Neto
O ex-ministro afirmou que quer tirar partidos da base do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que concorre à reeleição, e se aliar a siglas das quais fazem parte Paulo Maluf (PP) e Valdemar Costa Neto (PR).
"Vamos tirar os partidos da base do Alckmin", disse. "Quero aliança com PP, PR, todos os partidos que apoiam a presidente Dilma [Rousseff]", falou.
Questionado sobre o fato de Maluf fazer parte do PP e Costa Neto, do PR, ele declarou: "Eu não "fulanizo" a política. Vamos buscar os partidos que apoiam a presidente Dilma. Vamos construir uma candidatura mais ampla que o PT já teve no Estado de São Paulo".
O ex-deputado Costa Neto foi condenado no julgamento do mensalão. Maluf foi considerado culpado pelo superfaturamento de obras durante sua gestão na capital paulista. Além disso, ele é procurado pela Interpol por fraude e roubo.
Presídios são "gabinetes de reunião" do PCC, diz petista
O ex-ministro respondeu perguntas sobre a segurança pública no Estado. "Precisamos ampliar a presença da polícia nas ruas", afirmou Padilha. Segundo o petista, é preciso tirar policiais de funções administrativas e colocá-los nas ruas.
Sobre o PCC (Primeiro Comando da Capital), ele declarou que as penitenciárias de São Paulo se tornaram "escritório administrativo, gabinete de reunião" da facção criminosa.
"Nós temos de ter coragem de enfrentar o PCC e isso só é possível se tiver cooperação com o governo federal", disse.
Em abril, internautas do UOL que moram em São Paulo escolheram a segurança pública como tema que eles desejam que melhore em suas vidas, na enquete online "Esperançômetro".
"Bateu na porta errada", fala Padilha sobre Alberto Youseff
Padilha comentou ainda sobre a tentativa do doleiro Alberto Youseff, preso durante a Operação Lava Jato da Polícia Federal, de fazer contrato com o Ministério da Saúde, durante a gestão do petista.
"As portarias que criei no Ministério da Saúde foram justamente para criar filtros para impedir esse tipo de contrato", declarou. "Não andou [a investida]. Se alguém achava que ia andar, bateu na porta errada", completou.
No mês passado, o nome de Alexandre Padilha apareceu em um relatório da operação, que investiga esquema de lavagem de dinheiro. Padilha foi citado pelo deputado federal André Vargas (sem partido-PR) em conversa via SMS com o doleiro Alberto Yousseff.
Padilha nega ter indicado o servidor. André Vargas também negou que Padilha tenha feito qualquer tipo de indicação e disse que a mensagem de texto enviada a Youssef foi mal interpretada.