Cerca de 100 mil hectares de áreas nativas do Piauí devem render ativos financeiros para o Estado. Em agenda na Europa na próxima quinta-feira (22) o governador Wellington Dias irá se reunir com empresários e representantes do governo de Portugal, que têm interesse em adquirir créditos por meio do programa estadual Ativo Verde Piauí. A expectativa do governo é que os créditos florestais gerem cerca de R$ 1 bilhão por ano.
O estado já criou várias unidades de conservação e até o momento já foram inventariados 85 mil hectares. Dentre as áreas inventariadas estão o Parque do Cânion do Poty; a Estação Ecológica da Serra Branca, no município de São Raimundo Nonato; o Parque Estadual do Rangel, que fica entre Curimatá e Redenção do Gurguéia; e o Parque Zoobotânico, em Teresina. “Estamos identificando outras áreas para completar os 100 mil hectares”, garantiu o superintendente de Meio Ambiente, Carlos Moura Fé.
Segundo o governador Wellington Dias, o Piauí tem um programa aprovado em lei na Assembleia Legislativa, com base em lei federal e acordo internacional, onde é possível cobrar uma compensação ambiental pela preservação de matas nativas. Para ele, esse programa pode se associar ao programa Mata Verde de Portugal no qual quem causar danos ambientais paga por uma floresta original preservada.
"Eu digo sempre que, para o mundo continuar respirando, precisamos das florestas”, comentou, ao assegurar que o Piauí tem e se dispõe a ajudar o mundo oferecendo suas florestas para compensação ambiental. A intenção é cobrar cerca de R$ 7 mil por ano/ hectare de área preservada. O governador ressaltou que o estado é uma potência em projetos de meio ambiente pela sua produção de energias limpas - eólica e fotovoltaica.
Wellington lembrou ainda que o Piauí recebeu premiação da Comunidade Europeia por ser o primeiro Estado ou província do mundo a regulamentar o acordo das mudanças climáticas e pela política de preservação, com cerca de quatro milhões de hectares e áreas preservadas nas várias modalidades.
Ativo Verde Piauí
O programa do Governo do Estado segue às normas estabelecidas pelo Protocolo de Paris, que prevê que os países signatários, incluindo Brasil e Portugal, devem desenvolver ações para diminuição da emissão de gases que provocam o efeito estufa.
Uma das formas de combater esse reflexo da natureza é evitar o desmatamento e proteger as áreas nativas em todo o mundo. “As árvores e florestas armazenam carbono. Protegê-las é evitar que o carbono seja lançado na atmosfera, através do monóxido e dióxido de carbono. Esses gases vão para a atmosfera e provocam o chamado efeito estufa”, explicou Moura Fé.
As áreas públicas inventariadas e protegidas institucionalmente através de leis que garantem a criação de parques estaduais e estações ecológicas podem assim se transformar em "créditos de floresta" para outros países e empresas que firmaram acordos internacionais pela preservação ambiental e pela redução do efeito estufa.
“Um ativo seria a transformação em crédito, crédito de floresta. O crédito seria especificado através de títulos, que passam a ter valor”, informou o superintendente de Meio Ambiente.
O estado ainda não possui nenhum crédito porque ainda não inventariou sua área total de preservação. A ação é feita em parceria com a Brasil Mata Verde, instituição que já inventariou várias áreas nos estados do Amazonas e Pará.
Europa
Ainda em Portugal , na sexta-feira (23), Dias participa de duas agendas, uma na área de habitação e outra que discutirá a reativação do ativo do grupo Suzano no Estado. Ainda na capital portuguesa, o governador se encontra com investidores para a apresentação da Carteira de Projetos e potencialidades do Estado, que vão desde o Fundo Imobiliário, Carteira de Recebíveis e projetos de Parcerias Público Privadas.
Na segunda-feira (26), Wellington estará na Espanha onde se encontra com a diretora de Relações Institucionais e Consul do Brasil, com quem discute a possibilidade de formalização de acordo de cooperação internacional. Por meio da iniciativa, o Piauí poderá trabalhar com a implementação de projetos junto ao grupo H2020, o maior programa de investigação e inovação tecnológica desenvolvido pela União Europeia, possibilitando estudos e investimentos em setores como mobilidade urbana e eficiência energética.