Depois de passar nove dias preso, Pedro Paulo Dias (PP), governador do Amapá, deve voltar ao cargo ainda hoje.
Detido na Operação Mãos Limpas, no último dia 10, sob a suspeita de envolvimento em diversos episódios de corrupção no Estado, ele foi liberado da superintendência da Polícia Federal em Brasília na noite de sábado.
Segundo sua advogada, Patrícia Aguiar, logo ao sair ele se encontrou com a família, que estava em Brasília, e deveria retornar na madrugada de hoje a Macapá (AP).
Ao chegar, Dias, que também é candidato à reeleição, deve ser recepcionado com festa por seus cabos eleitorais na cidade.
Durante o tempo em que ele esteve preso, sua campanha em Macapá continuou, com comícios e manifestações de repúdio à prisão. Seus apoiadores dizem que a detenção foi uma maneira de prejudicar a candidatura.
Segundo a assessoria do Tribunal de Justiça, antes da prevista volta de Dias ao poder hoje, deve ocorrer uma reunião com o governador em exercício, Dôglas Evangelista, presidente do TJ-AP.
Ele assumiu a função pois Jorge Amanajás (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa, também é candidato --disputa o governo.
Em sua curta gestão, o desembargador Evangelista suspendeu todos os pagamento estaduais, substituiu secretários que também foram alvos da operação e criou uma pasta temporária, que deve durar até o final do ano e irá fiscalizar como o governo realiza gastos.
Mas o próprio desembargador e outros dois colegas de TJ foram citados em interceptações telefônicas gravadas, como a Folha revelou ontem. Por enquanto, eles não são tratados como alvos pelos policiais federais.
EX-GOVERNADOR
Além do governador, outros três presos na operação foram libertados na noite de anteontem. Inicialmente, 18 pessoas --políticos, funcionários públicos e empresários-- haviam sido detidos.
Entre os libertados no final de semana estão Waldez Góes (PDT), que cedeu o governo a Dias neste ano para concorrer ao Senado, e sua mulher, Marília, ex-primeira-dama e também apontada como envolvida nas supostas negociatas.
Continuam presos o presidente do Tribunal de Contas do Estado, Júlio de Miranda, e o secretário da Segurança Pública e delegado da Polícia Federal, Aldo Ferreira. Segundo a PF, eles estavam ameaçando testemunhas.
O governador e a família do ex-governador afirmam ser inocentes. A Folha tentou, mas ainda não conseguiu ouvir os defensores de Miranda e Ferreira.