A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, disse ontem ter autorizado vários ministérios a gastar R$ 150 milhões no pagamento de obras ligadas a pedidos de deputados e de senadores. O valor anunciado por Ideli se refere ao que se chama de "restos a pagar", ou seja, emendas ao Orçamento de outros anos e que ainda não foram liquidadas. É uma forma de tentar conter a insatisfação de aliados ao Planalto.
Hoje há um clima hostil na Câmara e no Senado em relação ao governo. Nesta semana, a oposição conseguiu por algum momento o apoio de 27 senadores e quase instalou uma CPI para investigar a corrupção nos Transportes.
O Palácio do Planalto, no entanto, forçou a retirada de dois nomes e abafou a iniciativa da oposição.
Em entrevista ao programa "Poder e Política", Ideli disse: "Nós já tivemos neste primeiro semestre a liberação já efetivada, pagos, de R$ 770 milhões. E estou agora nesta semana autorizando os ministérios para mais R$ 150 milhões". Ao longo do segundo semestre, o valor a ser liberado será maior.
Para acalmar os congressistas, o governo está prometendo também fazer o "empenho" das emendas, o que só significa o compromisso de pagar no futuro, mas sem uma data definida. O valor a ser empenhado do Orçamento deste ano para projetos de políticos pode chegar próximo à média dos últimos anos (R$ 5 bilhões).
Indagada se a presidente Dilma não nutre prazer pelo contato direto com políticos, Ideli disse que essa impressão é uma "lenda urbana". Até o fim do ano, a ministra buscará "uma fórmula" para a presidente ter "contato pessoal" com os cerca de 350 deputados considerados aliados do Planalto.
Ideli aponta diferenças entre Dilma e antecessor. A presidente "quer 100%, sempre". E Lula? "É aquele ritmo que todos nós conhecemos: de exigência, mas com uma maneira de ser um pouco mais descontraída." A articuladora política do Planalto revelou que presidente "dá broncas". Todos os ministros já teriam passado pelo constrangimento.