O governo brasileiro recusou um pedido feito pelos Estados Unidos de extradição de Sergey Vladimirovich Cherkasov, um cidadão russo que é suspeito de atuar como espião. Essa decisão foi confirmada pela TV Globo.
Em publicação em uma rede social na manhã desta segunda-feira (27), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse que o suposto espião continuará preso no Brasil.
"Quanto ao cidadão russo Serguei Vladimirovich Cherkasov, esclareço que o parecer técnico do Ministério da Justiça, acerca de dois pedidos de extradição, está embasado em tratados e na lei 13.445/2017. No momento, o cidadão permanecerá preso no Brasil", informou Dino.
Cherkasov, um indivíduo de 36 anos, foi detido na Holanda em abril de 2022, quando tentava ingressar no país utilizando um passaporte brasileiro em nome de Viktor Muller Ferreira. Sua intenção era trabalhar no Tribunal Penal Internacional, em Haia, com o propósito de investigar supostos crimes de guerra ocorridos na Ucrânia.
As autoridades holandesas alegaram que Cherkasov era, de fato, um espião russo que estava utilizando um passaporte brasileiro como disfarce para esconder sua verdadeira identidade. Em decorrência disso, ele foi deportado para o Brasil.
Ao chegar no país, Cherkasov foi preso preventivamente e, posteriormente, denunciado pelo Ministério Público Federal por uso de documento falso. Em julho de 2022, a Justiça Federal o condenou a uma pena de 15 anos de prisão pelos crimes cometidos.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), durante o período entre 2012 e 2022, Cherkasov utilizou documentos em nome de Viktor Muller Ferreira para entrar e sair do Brasil em 15 ocasiões distintas.
A primeira vez que o cidadão russo entrou no Brasil foi em 2010, utilizando sua documentação original. No entanto, pouco tempo depois, ele saiu do país já utilizando documentos em nome de Ferreira, dando início ao uso de identidade falsa em suas viagens subsequentes.
Cherkasov foi alvo de dois pedidos de extradição: além do feito pelos EUA, em abril de 2023, que foi negado, um outro foi apresentado pela Rússia, em 2022. O pedido de extradição dele para a Rússia já foi autorizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin. O próprio Cherkasov manifestou o desejo de ser extraditado para o país.
A decisão de Fachin, entretanto, condicionava a entrega do suposto espião ao fim das investigações contra ele, feitas pela Polícia Federal, o que ainda não aconteceu.