O Palácio do Planalto e a base aliada já se preparam para enfrentar a denúncia a ser apresentada até o próximo dia 19 pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer: querem uma tramitação rápida. O plano é tentar garantir um placar de mais de 200 votos para barrar autorização da Câmara para abertura de processo. Aliados de Temer gostariam de “liquidar” o assunto entre uma semana e dez dias, encurtando os prazos regimentais.
A estratégia pós-TSE ou anti-Janot, como está sendo chamada a atual fase da crise política, começou a ser traçada mesmo antes do resultado que absolveu a chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Aliados dizem que a própria Câmara não quer ficar refém da agenda do Ministério Público. Parlamentares querem resolver tudo bem antes do recesso de julho, que começa na metade do mês.
A avaliação entre os aliados é que Temer ganhou uma sobrevida com a decisão favorável do TSE e que é preciso aproveitar esse fôlego para manter apoios de partidos. Integrante do QG de Temer na Câmara, o deputado Beto Mansur (PRB-SP) disse que o ideal é resolver o assunto rapidamente.
— A ideia é que a decisão seja rápida. Acredito que nem o presidente Temer vai usar as dez sessões para apresentar sua defesa. Se a denúncia for mesmo apresentada dia 19, acredito que a defesa será apresentada até dia 23 — previu Beto Mansur.
Na mesma linha, o líder do DEM na Câmara, deputado Efraim Filho (PB), disse que é preciso dar uma resposta rápida à própria denúncia, ou seja, aos questionamentos que serão feitos por Janot a Temer.
— É preciso dar uma resposta rápida a tudo. O Brasil vive uma crise, e a Câmara precisa dar uma resposta rápida — defendeu Efraim Filho.
Pelas regras constitucionais e regimentais da Câmara, a denúncia é encaminhada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Em seguida, ele encaminha o caso à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde será a primeira batalha do governo. Na CCJ, a ideia é trocar deputados de partidos aliados que possam votar contra Temer e escolher a dedo um relator de confiança. Aliado de Temer, Rodrigo Maia já se apressou em dizer que dará a tramitação regimental à eventual denúncia do Ministério Público.
— Enviarei à CCJ. É o processo normal — disse o presidente da Câmara.