Cláudio Castro foi empossado governador do Rio de Janeiro em uma cerimônia na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), que começou por volta das 11h deste sábado (1°). A posse ocorre após impeachment de Wilson Witzel nesta sexta-feira (30).
Após tomar posse, Castro prometeu iniciar, ainda esse mês, o pagamento do Supera Rio e lançar o programa Bairro Seguro. "Meu compromisso é reduzir os índices de violência", disse o governador. Sobre o combate à pandemia, o governador empossado disse que continuará abrindo leitos para pacientes com Covid-19.
Em seu pronunciamento, Castro fez um aceno de paz à Alerj. Na quarta-feira (28), o então governador em exercício e o deputado André Ceciliano, presidente da Assembleia, mediram forças na votação que tentava derrubar o leilão da Cedae. O presidente da Casa chegou a dizer que Castro havia ameaçado deputados.
“A semana que passou, senhor presidente, marcada por divergências, hoje faz parte do passado. E a cada passagem, cada um de nós sai com um aprendizado. É assim que eu encaro o mundo, sempre olhando para frente”, disse Castro.
Witzel foi o primeiro governador do Rio de Janeiro a sofrer impeachment desde o fim da ditadura. Os dez julgadores condenaram Witzel por crime de responsabilidade pela má gestão de contratos na área da Saúde durante a pandemia de Covid-19 no estado. Eram necessários sete dos dez votos para que o impeachment fosse confirmado.
Wilson Witzel foi o sexto governador do estado a estar na mira da Justiça em menos de quatro anos. O antecessor também não concluiu o mandato: Pezão foi preso a 31 dias do fim da gestão. Antes dele, Sérgio Cabral, Anthony Garotinho, Rosinha Garotinho e Moreira Franco foram detidos.
Governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro
Apoio do governo federal
A relação do atual governador é próxima da família presidencial. Nesta sexta-feira (30), durante o leilão da Cedae, o presidente Jair Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro estiveram ao lado de Castro. Sobre a participação do governo federal na gestão estadual, o governador disse que espera que seja apenas de ajudar ao Rio.
"A participação que eu espero que eles tenham no meu governo é ajudando o estado do Rio de Janeiro. O estado precisa da ajuda do governo federal. A situação econômica do nosso estado ainda é muito difícil, precisamos de investimento aqui", disse o governador.
Cláudio Castro ao lado do presidente Jair Bolsonaro
Delator diz que Castro recebeu propina
A Operação Catarata, realizada em setembro do ano passado, apurava desvios de R$ 66 milhões em contratos de assistência social no governo do estado e da Prefeitura.
Um dos presos foi o empresário Marcus Vinicius Azevedo da Silva, que tinha sido assessor de Castro na Câmara. A empresa de Marcus Vinícius, segundo o Ministério Público, fazia parte das licitações de fachada.
Bruno Selem, que também foi preso no esquema e era funcionário da Servlog, diz que o dono da empresa, Flávio Chadud, pagou R$ 100 mil a Cláudio Castro em propina. Ele nega a acusação e processa o delator.
Câmeras de segurança de um shopping na Barra da Tijuca mostram o encontro. À época, Castro era vice-governador e comandava a Fundação Leão XIII, responsável por políticas de assistência social do governo do Estado, que atende a população de baixa renda e em situação de rua.
As suspeitas de participação do agora governador já foram compartilhadas com o grupo de atuação do Ministério Público que investiga pessoas com foro especial na esfera estadual.
Cláudio Castro nega qualquer ato ilícito.
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