O presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou sua discordância em relação à proposta da União Europeia (UE) no acordo de livre comércio com o Mercosul, que sugere a imposição de sanções para aqueles que não cumprirem os termos do Acordo de Paris. O Acordo de Paris é um tratado internacional sobre mudanças climáticas adotado em 2015. Lula está em visita à Itália e à França esta semana e compartilhou suas opiniões com a imprensa em Roma, antes de seguir para Paris.
“Essa proposta de acordo não está em conformidade com aquilo que é o sonho de países da América Latina, como o Brasil, que quer ter o direito de recuperar sua capacidade de industrialização. O Brasil já teve um Produto Interno Bruto [PIB] industrial de 30%, hoje o nosso PIB é apenas 10%”, disse.
“A carta adicional que a União Europeia mandou para o Mercosul é inaceitável [...], nem eles cumpriram o Acordo de Paris, ou seja, os países ricos não cumpriram o Acordo de Paris, não cumpriram o Protocolo de Kyoto, não cumpriram a decisão de Copenhague, então é preciso que a gente tenha um pouco mais de sensibilidade, um pouco mais de humildade. Nós estamos preparando a nossa resposta para a União Europeia, para fazermos um acordo que favoreça os dois continentes”, acrescentou o presidente.
Durante sua estadia em Paris, Lula está programado para participar de uma reunião bilateral com o presidente francês, Emmanuel Macron. Um dos principais tópicos em discussão será a recente aprovação, pela Assembleia Nacional da França na semana passada, de uma resolução contrária à ratificação do acordo Mercosul-UE. O presidente brasileiro expressou sua insatisfação com essa medida, considerando-a uma posição rígida.
“A França é muito dura na defesa dos seus interesses agrícolas”, disse. “Mas a gente tem que entender que os outros também têm o direito de defender as suas agriculturas, então é preciso que cada um abra mão do seu perfeccionismo e do protecionismo também para que possamos construir a possibilidade de um acordo que melhore a situação da União Europeia e da América do Sul”, reforçou.
Lula também manifestou seu apoio à realização de alterações em certos aspectos do acordo de livre comércio, especialmente relacionadas às compras governamentais. O acordo Mercosul-UE, aprovado em 2019 após duas décadas de negociações, requer a ratificação dos parlamentos de todos os países dos dois blocos para se tornar efetivo. Dado o envolvimento de 31 nações nas negociações, o processo de ratificação pode se estender por anos e enfrentar resistências.
(Com informações da Agência Brasil)