Investigado pelo MP, Henrique Alves é eleito novo presidente da Câmara

Ele é o parlamentar com o maior número de mandatos consecutivos na Casa

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Apesar das denúncias que levaram à abertura de investigação pelo Ministério Público Federal, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) foi eleito o novo presidente da Câmara dos Deputados, em votação secreta nesta segunda-feira (4), e vai presidir a Casa no biênio 2013-2014. Ele teve 271 votos, contra 165 de Júlio Delgado (PSB-MG), 47 de Rose de Freitas (PMDB-ES) e 11 de Chico Alencar (PSOL-RJ). Estavam presentes na sessão em que Alves foi eleito 497 dos 513 deputados. Houve ainda três votos em branco.

O presidente da Câmara é o segundo na linha sucessória da Presidência da República, atrás apenas do vice-presidente.

Ele é o parlamentar com o maior número de mandatos consecutivos na Casa ? 11 ? e está a um mandato de atingir o recorde do ex-deputado Manoel Novaes (BA), que participou de 12 legislaturas não consecutivas entre 1933 e 1982.

Assim como o recém-eleito presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), Alves tem sido alvo de várias denúncias de irregularidades, às quais ele atribuiu ao "jogo pré-eleitoral". Ele deve ser julgado no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte ainda este mês por improbidade administrativa.

Em seu discurso após a apuração do resultado, já sentado na cadeira principal do plenário, Alves disse que a Câmara é o poder mais representativo do povo brasileiro. "Que nunca se esqueçam os outros poderes, com todo o respeito. A minha querida presidente Dilma (...), ao poder Judiciário, todas as homenagens, a um e a outro. Mas o poder que representa o povo brasileiro na sua mais sincera legitimidade, queiram ou não queiram, é esta Casa aqui, é o poder Legislativo", afirmou, sendo efusivamente aplaudido pelos colegas.

Ao lembrar de seus mandatos anteriores, Alves afirmou que "conhece esta Casa profundamente". "Eu sou de um tempo em que esta Casa se orgulhava, se abria ao povo brasileiro e à comunhão de pensamento e de ideias. Sou de um tempo em que essa Casa se impunha pelos seus debates, pelos seus melhores valores. Vivi tudo isso. Hoje é fácil bancar o valentão e o destemido", declarou.

"Sou de um tempo em que era preciso ter coragem para resistir. E graças a Deus resisti e atravessei esse tempo". Ele citou ainda a ditadura militar, que, segundo ele, perseguiu três integrantes de sua família.

"Enquanto os médicos têm no bisturi o seu instrumento (...) o nosso instrumento [dos parlamentares], aqui, é só um: a palavra, que é a marca do político. Ela tem que ser honrada", disse, ao lembrar do peemedebista Ulysses Guimarães. Ao citar seu pai, que também teve uma longa carreira política, Alves destacou a importância de o político ter coragem. "Não é a coragem da agressão, do despeito, do falastrão. É a coragem de saber recuar, a de saber mudar, porque isso traz de dentro nós a profunda consciência. É a lição que aprendi com o meu pai."

Henrique Alves defendeu ainda o resgate da autoestima dos parlamentares, alvo, segundo ele, de "críticas absurdas, descabidas". "Nessa casa só tem parlamentar abençoado", elogiou.

Com relação à sua gestão, Alves disse que pretende "fazer uma agenda propositiva": "(o Parlamento) não foi feito para ganhar tempo, para enrolar com a barriga, o Parlamento foi feito para discutir e votar".

Entre os temas prioritários para colocar em discussão, o novo presidente da Câmara citou o pacto federativo e a distribuição dos royalties do petróleo.

"Desculpem a emoção, imaginem um menino que entrou por aquela porta aos 22 anos. Cheguei aqui como líder, este menino se tornou presidente da sua Casa e, se Deus quiser, vamos fazer respeitar cada vez mais a nossa Casa, que é o Parlamento brasileiro", concluiu seu discurso.

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