Um dia depois de ter falado sobre sua candidatura à Presidência da República, o governador José Serra (PSDB) voltou a adotar um tom cauteloso sobre o tema. Neste sábado, 20, em Bauru, diante da insistência dos repórteres, deixou claro que não falaria sobre eleição enquanto fosse governador. "Vim aqui numa ação do Governo do Estado, portanto não vou falar de eleição presidencial, nem estadual, nada. Isso é para o futuro."
Questionado sobre as declarações dadas durante entrevista a José Luiz Datena, da TV Bandeirantes, quando confirmou que deixaria o governo estadual no início de abril, ele não negou o que disse, mas fez uma ressalva: "Não foi durante um ato de governo e eu não disse nada novo."
Durante a entrevista, Serra preferiu abordar questões regionais, destacando os investimentos realizados na cidade. Respondeu, porém, a uma pergunta sobre a divisão dos recursos do pré-sal, dando razão ao governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que se queixa da perda de receita. "A discussão deve incluir benefícios para o Brasil, mas sem matar os Estados que já recebem. Tirar R$ 7 bilhões do Rio da noite para o dia, o Rio de Janeiro fecha." Ele acrescentou que a questão deve ser discutida com calma. "Tem de encontrar uma solução boa para o Brasil, não uma solução que divida o País."
Serra chegou na cidade acompanhado do ex-governador de São Paulo Orestes Quércia, do PMDB, e de vários secretários municipais, entre eles o pré-candidato à sua sucessão, Geraldo Alckmin, atual secretário de Desenvolvimento. Ele inaugurou o prédio da Faculdade de Tecnologia (Fatec), construído pelo governo, com investimento de R$ 8 milhões. "Este é o ensino que vira emprego e ao mesmo tempo alavanca o Estado de São Paulo."
Serra inaugurou também, as obras de duplicação da rodovia que liga Bauru a Marília, que estavam paradas e nas quais seu governo investiu R$ 360 milhões. "O mérito maior é que vai poupar vidas." Diante de 21 prefeitos, enumerou obras e recursos liberados para a região e pediu que não "ficassem com ciúmes" do prefeito de Bauru, Rodrigo Agostinho (PMDB), já que a cidade recebera muitas verbas. Ele foi presenteado com uma camiseta do Noroeste, time da cidade - de cor vermelho intenso.
Protesto
Na chegada e na saída do local do evento, o governador enfrentou os protestos de cerca de 50 professores, entre eles integrantes do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) em Bauru. Os manifestantes, com faixas e um carro de som, foram mantidos do lado de fora do prédio da Fatec, a uma distância de 80 metros do palco. Serra entrou por um portão lateral, mas na saída, o veículo teve de passar ao lado dos professores, contidos por uma barreira da Polícia Militar. O barulho era ouvido enquanto o governador discursava, mas ele não reagiu.
"Na verdade, eles não reivindicam salários, mas outras coisas. Negócio de aumento é para fazer crer para a opinião pública que eles estão fazendo um movimento normal, e não é. Se é político, vocês avaliem." Para o governador, a greve não pegou. "É uma minoria que procura criar fatos como interromper o trânsito devido à fraqueza do movimento."