Alheio à enxurrada de críticas que tem recebido pela maneira agressiva com que tratou a ex-ministra de Direitos Humanos da Presidência da República e atual deputada Mária do Rosário (PT-RS) no plenário da Câmara, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) tentou, em entrevista nesta quarta-feira, minimizar a polêmica. De acordo com a justificativa do parlamentar, a briga aconteceu depois que ele foi chamado de "estuprador". Em conversa com a reportagem, o deputado, militar de reserva e popular por seu discurso conservador de extrema direita, explicou que a sua rixa com a petista é antiga e disse que as pessoas não sabem o que exatamente ocorreu na Câmara.
“Quando eu fui para a tribuna, eu falei para ela não ir embora, pois ela tentou burlar o regimento depois de falar um monte de bobagem. Há pouco, tinha me acusado de estuprador”, afirmou sobre o fato de ela se encaminhar para deixar o plenário durante a discussão. "E falei que não ia estuprá-la porque ela não merece. Apenas isso, é uma briga antiga que a gente tem”, completou. Momentos antes, Rosário havia dito que a ditadura no Brasil (1964-1985) foi um período de “vergonha absoluta”.
O bate-boca ocorreu um dia antes da divulgação final dos documentos da Comissão da Verdade, que investigou os crimes cometidos na época. Petição online pela cassação Um dia depois da confusão, um abaixo-assinado no site de petições online Avaaz, sob o título “Conselho de Ética da Câmara dos Deputados: Cassação Jair Bolsonaro (PP-RJ) #ForaBolsonaro” já reúne 28 mil assinaturas. A meta é atingir 30 mil nomes escritos para a entrega do documento ao Conselho de Ética da Câmara. “Agora passou dos limites, o Deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) disse na tribuna no dia 09/12 a Deputada Maria do Rosário que ‘só não lhe estupro porque você não merece’”, diz a descrição da petição. “O deputado já tem em seus histórico: agressões, xingamentos e discursos de ódio contra deputados progressivos, não podemos mais aceitar nenhum engavetamento. Isso é decoro parlamentar! Fora Bolsonaro!”, completa o texto.
“Eu respeito quem quer me tirar, quem não gosta do que eu falo, mas todos deveriam ter o mínimo de imparcialidade e me perguntar o que de fato ocorreu, como você está fazendo agora”, afirmou Bolsonaro sobre a questão. Histórico Em 2013, num debate sobre redução da maioridade penal na Rede TV!, tema do o qual o deputado do PP é defensor, ele afirma ter sido insultado por Rosário por seu posicionamento, já que ela participava também da discussão. Depois, veio o episódio em que os dois discutiram no salão verde. “Ela já disse que iria dar na minha cara, isso ninguém fala ou sabe”, argumentou Bolsonaro. “Vale lembrar que o crime de estupro nem imunidade parlamentar tem, ou seja, é uma briga minha com ela e nada mais”, finalizou.