O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), descartou nesta quarta-feira a criação de um "blocão" na Casa com a reunião de partidos aliados, a exemplo do que ocorreu na Câmara sob o comando do PMDB.
Sarney saiu em defesa do presidente do PMDB, Michel Temer (SP), que se mantém no cargo mesmo depois de eleito vice-presidente da República --o que na opinião de aliados estaria interferindo nas negociações entre o partido, a Câmara e a montagem do governo de Dilma Rousseff (PT).
"Eu acho que ele Temer está imbuido justamente desse ponto de vista de agir como participante do governo e não como presidente do partido. No momento ele está acumulando essas funções e evidentemente, algumas vezes, elas interferem uma na outra, mas não é esse o desejo dele."
Sarney disse que não sabe as "motivações" que levaram a bancada do PMDB na Câmara a unir forças para garantir a eleição de Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) para a presidência da Casa.
"Pelo que eu sei, ele [Temer] tem procurado colaborar nas articulações que tem feito no grupo que ele participa e que foi incluído por solicitação da ministra Dilma. Eu não conheço o que ocorre na Câmara."
Ontem, o PMDB anunciou a formação de um "blocão" com quatro partidos (PR, PTB, PP e PSC) para formar uma bancada de 202 deputados na Câmara. Com essa configuração, o bloco ficaria muito superior à bancada do PT, que reúne 88 deputados, o que poderia assegurar aos peemedebistas maioria na Casa para assumir o seu comando.
O governo reagiu à iniciativa dos peemedebistas, o que levou o líder do PP, João Pizolatti (SC), a negar mais tarde que tivesse fechado questão em torno do "blocão".
O PMDB briga por espaço no governo Dilma e reivindica o comando da Câmara. No Senado, como maior bancada, o PMDB briga pela presidência da Casa.