Justiça absolve homens que sacrificaram bode para comemorar derrota do PT

O couro do animal foi removido, suas pernas serradas e o número 13, associado ao Partido dos Trabalhadores (PT), foi pichado com tinta vermelha sobre o couro.

Homens mataram o bode e colocaram o número 13 no couro do animal.  | Reprodução Homens mataram o bode e colocaram o número 13 no couro do animal. | Foto: Reprodução
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O Juizado Especial Criminal de Corbélia, no Paraná, inocentou o vereador reeleito Valderi Januário de Lima (PL) e o ex-vereador Luciano Theodoro Ribeiro da acusação de maus-tratos a um bode, sacrificado como parte da comemoração dos resultados eleitorais do ano passado. O juiz Marcelo Gomes Feracin considerou que o abate ocorreu de maneira regular.

COMEMORAÇÃO POLÊMICA

O episódio ocorreu em 7 de outubro, logo após o primeiro turno das eleições municipais. De acordo com a denúncia, os políticos exibiram um bode preto em uma caminhonete antes de sacrificá-lo. O couro do animal foi removido, suas pernas serradas e o número 13, associado ao Partido dos Trabalhadores (PT), foi pichado com tinta vermelha sobre o couro. O ato foi registrado em vídeo e compartilhado nas redes sociais.

POSIÇÃO DA JUSTIÇA

O Ministério Público do Paraná (MP-PR) denunciou os envolvidos, alegando que a ação representava abuso e maus-tratos contra o animal. Entretanto, o magistrado afirmou não haver provas suficientes de que o desfile aconteceu e ressaltou que o sacrifício seguiu os procedimentos adequados. "O abate foi realizado com o animal de ponta cabeça, corte na jugular e sangria", declarou Feracin. O juiz ainda ponderou que o tempo necessário para deslocamento até o local do abate tornaria improvável a realização do desfile.

CRÍTICAS NO LEGISLATIVO

A decisão gerou revolta entre parlamentares na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Durante a sessão desta quarta-feira (19), o deputado Arilson Chiorato (PT) condenou a absolvição, destacando a gravidade do ato. 

Sacrificar um animal para uso de briga política. Esses tipos, quando não corre punição, incentivam outras pessoas a fazerem a mesma coisa com os animais. Usar um bode, serrar as patas e pichar no couro o número do adversário, isso é um crime bárbaro. A Justiça disse que o animal foi morto da forma certa. Claro que não foi, ele foi morto politicamente.

QUESTIONAMENTOS SOBRE O IMPACTO DA DECISÃO

O deputado Tito Barrichello (União Brasil) também se manifestou contra a decisão, alertando sobre as consequências que o caso pode trazer. 

As fotos são de extrema gravidade. Não só o fato concreto em si, mas isso é prevenção geral. Qual o recado que se dá para a sociedade quando se diz que uma conduta como essa é legal? A partir disso, qualquer disputa política pode se exaurir em sacrifício de animais e na exposição desse animal em situação vexatória?

Outros parlamentares, como Hussein Bakri (PSD), Evando Araújo (PSD), Alexandre Amaro (Republicanos), Luiz Cláudio Romanelli (PSD), Marcelo Rangel (PSD) e Professor Lemos (PT), também criticaram a sentença. Amaro ressaltou a frustração com a falta de punição para casos de maus-tratos: 

A gente se sente enxugando gelo. A gente cria leis, faz audiências públicas e debates, só que as coisas continuam acontecendo, matam cachorros a pauladas, não levam para o veterinário. 

Professor Lemos foi além e apontou um aspecto racial na ação, mencionando que um dos candidatos do PT derrotados em Anahy é negro.

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