A Justiça Federal no Rio manteve a suspensão da posse da deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ) no Ministério do Trabalho. Foram duas decisões desfavoráveis a recursos da Advocacia-Geral da União (AGU) nesta segunda-feira, uma na primeira e outra na segunda instância.
A AGU havia pedido ao juiz Leonardo da Costa Couceiro, da 4ª Vara Federal de Niterói, para reconsiderar sua decisão que suspendeu a posse na semana passada. O magistrado negou a solicitação.
Em outra decisão, desta vez no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), a AGU teve os embargos da declaração (um tipo de recurso) negados. O juiz federal Vladimir Vitovsky fixou a competência da 4ª Vara Federal de Niterói para tratar do caso e ordenou a reunião dos processos com o mesmo assunto na Justiça Federal do Rio de Janeiro.
Com a decisão de Vitovsky, os processos ajuizados em Magé, Teresópolis, Rio de Janeiro, Nova Friburgo, Campos e Macaé que pediam a suspensão da posse de Cristiane Brasil serão reunidos, e ficará a cargo do magistrado de Niterói julgar o mérito do caso, uma espécie de julgamento definitido em primeira instância. Até o momento, o juiz deferiu apenas a liminar, uma decisão temporária.
Responsável pela articulação política do governo Michel Temer, o ministro Carlos Marun criticou, nesta segunda-feira, o juiz Leonardo da Costa Couceiro por ter suspendido liminarmente, na semana passada, a posse de Cristiane Brasil. Desde então, o governo reforçou a artilharia jurídica e passou a entrar com uma série de recursos para tentar garantir a posse de Cristiane, que segue suspensa.
Para Marun, o juiz "se equivocou" ao barrar a posse da deputada, e afirmou também que empossar ministros é ato exclusivo do presidente da República.
— Minha posição é que esse juiz se equivocou na sua decisão — disse o ministro, que acrescentou:
— Nesse momento, Cristiane Brasil é uma questão do Judiciário, o governo recebeu a indicação do PTB, entende que ela tem condições de ser ministra e o artigo 84 da Constituição Federal coloca como ato normativo do presidente nomeação e exoneração de ministros. Entendemos que a Constituição vai ser respeitada.
POLÊMICAS
O dinheiro usado para pagar as parcelas de uma dívida trabalhista que Cristiane Brasil tem com um ex-motorista tem saído da conta bancária de uma funcionária lotada em seu gabinete na Câmara.
Cristiane foi processada na Justiça trabalhista por dois ex-motoristas que alegaram não ter tido a carteira assinada enquanto eram empregados dela, conforme divulgou a TV Globo.Uma das ações foi movida por Leonardo Eugênio de Almeida Moreira e, nesse caso, a nova ministra fez um acordo para pagar a ele R$ 14 mil, divididos em dez parcelas que começaram a ser repassadas em maio do ano passado. Acontece que saem da conta bancária de uma assessora de Cristiane — e não da própria deputada Cristiane — os R$ 1,4 mil mensais.
Cristiane alegou que reembolsava a funcionária de seu gabinete.