Lula amplia investida sobre Janones, e Avante avalia possível apoio ao PT

A cúpula do Avante se reúne neste fim de semana em São Paulo para discutir o futuro da candidatura de Janones.

Lula amplia investida sobre Janones, e Avante avalia possível apoio ao PT | Reprodução
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CATIA SEABRA, JULIA CHAIB E VICTORIA AZEVEDO

BRASÍLIA, DF, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ampliou a ofensiva para atrair o deputado André Janones (Avante), pré-candidato à Presidência da República, para a sua aliança logo no primeiro turno.

De olho no potencial de mobilização nas redes sociais do deputado, Lula deverá conversar com o parlamentar pela segunda vez na semana que vem, quando poderão sacramentar uma aliança.

Lula amplia investida sobre Janones, e Avante avalia possível apoio ao PT

A cúpula do Avante se reúne neste fim de semana em São Paulo para discutir o futuro da candidatura de Janones. Integrantes do partido consideram provável um acordo com Lula já no primeiro turno, mesmo que sem uma coligação formal com o PT.

Com o gesto, petistas e aliados do parlamentar acreditam que ele dá sinais de que pode ceder na disputa. Embora a iminente retirada não represente necessariamente aliança entre Avante e PT, Janones poderá declarar voto a Lula em caso de desistência.

A primeira vez que Lula e Janones estiveram juntos foi na última viagem do ex-presidente a Brasília, há três semanas. Os dois conversaram na presença da presidente do PT, Gleisi Hoffmann. A conversa correu em clima ameno, para eles se conhecerem, disseram interlocutores.

Nesta semana, Gleisi ligou novamente para Janones, elogiando pela entrevista que ele concedeu à Globonews e o convidou para uma reunião com Lula em Brasília. Naquele momento, Janones não aceitou o encontro.

Na entrevista, o parlamentar afirmou que é um idealista e que não está na política em troca de cargos. Ele disse também que poderia ter retirado a sua candidatura "se algum dos candidatos tivesse me procurado para a gente conversar sobre as minhas propostas".

Janones afirmou que se reuniu com Lula pessoalmente, a pedido do ex-presidente, e que em nenhum momento ele pediu que o deputado retirasse a sua candidatura.

"Ele falou sobre a minha trajetória e o papel que eu desempenho na defesa da democracia. O único pedido que ele me fez foi para que eu refletisse sobre qual papel que eu quero desempenhar na defesa da democracia nos próximos quatro anos", afirmou Janones.

No dia seguinte, Gleisi fez um post no Twitter elogiando publicamente a entrevista de Janones. Também nesta semana, Lula reagiu a uma publicação do deputado numa rede social e o convidou para conversar.

Na manhã desta sexta-feira (29), Janones respondeu que aceita um encontro com o petista.

"Bolsonaro me bloqueou, Ciro não aceitou encontrar comigo, Tebet ignorou por completo minha existência, enquanto aquele que lidera as pesquisas pediu publicamente pra conversar comigo. Humildade e democracia andam lado a lado. Convite aceito. Vamos conversar @lulaoficial", escreveu Janones.

Em seguida, o petista respondeu: "Combinado. Política se faz com diálogo e juntando pessoas pelo bem comum. Vou te ligar".

À reportagem, Janones reconhece que sua candidatura não tem viabilidade eleitoral e admite a possiblidade de retirada da candidatura. "Se não tivesse disponibilidade, não iria conversar", afirma.

O pré-candidato lança dúvidas sobre o desfecho dessa articulação porque, nas palavras dele, pretende fazer uma negociação dura com o ex-presidente.

Janones conta que iria conversar ainda nesta sexta-feira com Lula para marcarem o encontro na semana que vem.

Na conversa, pretende reivindicar, por exemplo, a manutenção do auxílio de R$ 600 e com pagamento em dobro para mães solo.

Na opinião do parlamentar, dificilmente um candidato que tem chances de vencer no primeiro turno atenderá às exigências de um adversário que tem 1% das intenções de voto.

"Não sou lunático. Tenho 1%, 2%, das intenções de voto. Tenho consciência que a negociação é dura", afirmou ele.

E concluiu: "por isso, acho que minha possibilidade maior é de manter a candidatura".

Na última pesquisa Datafolha, divulgada na quinta (28), Janones aparece com 1%.

Eleito com 178,7 mil votos para seu primeiro mandato, o deputado é considerado um fenômeno nas redes sociais -ele tem 8 milhões de seguidores no Facebook, 2 milhões no Instagram e mais de 135 mil no Twitter, além de 1,4 milhões de inscritos em seu canal no YouTube.

A investida sobre Janones ocorre em meio a um esforço do comando da campanha para atrair outras candidaturas e setores de centro com o objetivo de vencer no primeiro turno.

Na avaliação de integrantes da cúpula petista, o pré-candidato do Avante agrega a Lula tanto do ponto de vista de capital eleitoral como da mobilização nas redes sociais.

Além de Janones, o próprio Lula também tem buscado o apoio de Luciano Bivar, pré-candidato e presidente da União Brasil.

O ex-presidente negocia com o dirigente partidário o apoio à reeleição dele como deputado em Pernambuco e, segundo membros da União Brasil, sinalizou que poderia inclusive apoiar o parlamentar na busca pelo comando da Câmara no ano que vem, caso seja eleito.

A cúpula da União Brasil considera difícil, porém, Bivar levar o apoio da sigla a Lula no primeiro turno.

A mera desistência de Bivar, no entanto, significaria um gesto em direção ao petista e ajudaria do ponto de vista de governabilidade numa gestão Lula. Além disso, dá também uma ideia de amplitude ao candidato petista.

Gleisi afirma que Janones e a campanha de Lula têm muitas propostas e causas em comum. "Gostaríamos muito de ter Janones junto conosco para implementarmos as propostas que ele apresenta e que nós apoiamos. Janones tem feito um trabalho muito importante", diz ela.

A parlamentar afirma também que sempre acreditou que é possível ampliar as alianças em torno da candidatura de Lula. "Quem quiser derrotar Bolsonaro tem espaço no nosso campo."

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