O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu não participar mais do jantar promovido pelo príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman al Saud. A agenda, agendada originalmente para ocorrer nesta sexta-feira (23/6), seria a última do ex-presidente na Europa antes de retornar ao Brasil. Não foi divulgado o motivo pelo qual o compromisso foi cancelado, pois o Palácio do Planalto não forneceu informações a respeito.
O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman al Saud, é o mesmo que presenteou o então presidente Jair Bolsonaro (PL) com joias avaliadas em R$ 5 milhões no ano de 2021. As peças foram trazidas ilegalmente ao Brasil e o caso está sendo investigado pela Polícia Federal. É importante lembrar que a Arábia Saudita é governada por um regime ditatorial, e o príncipe é conhecido por adotar medidas violentas para silenciar seus opositores, inclusive fora do país.
Mohammed bin Salman foi acusado de suspeita de ter ordenado o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi. Khashoggi foi visto pela última vez na embaixada saudita na Turquia em 2018 e era conhecido por suas críticas ao regime ditatorial da Arábia Saudita. De acordo com as investigações, seu corpo teria sido desmembrado e seus restos mortais nunca foram encontrados.
Essa situação gerou ampla repercussão internacional e levantou preocupações sobre os direitos humanos e a liberdade de imprensa na Arábia Saudita. Em outubro de 2021, uma comitiva do governo brasileiro liderada pelo então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, voltou ao Brasil de uma viagem oficial à Arábia Saudita trazendo joias femininas na bagagem.
De acordo com Albuquerque, esses itens eram presentes do governo saudita destinados à então primeira-dama, Michelle Bolsonaro. A perícia realizada pela Polícia Federal estimou o valor total das joias em R$ 5 milhões. Esse episódio gerou controvérsias e chamou a atenção para possíveis violações das regras de importação e ética governamental.
As joias foram encontradas na mochila de um assessor do então ministro e no momento em que ele passava pela alfândega no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. O assessor tentou passar pela fila da Receita Federal de "nada a declarar". No entanto, de acordo com a lei, ele deveria ter declarado os acessórios e pagar uma taxa de 50% sobre o valor das joias, que seria equivalente a R$ 8,25 milhões.
Como a taxa não foi paga, a Receita Federal reteve as joias. O governo Bolsonaro fez várias tentativas, em pelo menos oito ocasiões, para reaver os itens, inclusive envolvendo outros ministérios e a chefia da Receita. No entanto, em todas essas tentativas, ninguém efetuou o pagamento da taxa e as joias não foram devolvidas.