O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chorou neste domingo (1º) ao falar da volta da fome e do aprofundamento da desigualdade social no país.
Lula discursava aos apoiadores em frente ao Palácio do Planalto, como parte dos ritos da posse presidencial. Ao citar pessoas pedindo dinheiro com cartazes e fazendo fila na porta de açougues para comprar ossos, Lula ficou com a voz embargada e teve de interromper a fala.
Lula se emociona durante a leitura do discurso - Foto: Reprodução
"Há muito tempo, não víamos tamanho abandono e desalento nas ruas. Mães garimpando lixo em busca de alimento para seus filhos. Famílias inteiras dormindo ao relento, enfrentando o frio, a chuva e o medo. Crianças vendendo bala ou pedindo esmola, quando deveriam estar na escola vivendo plenamente a infância a que têm direito", disse.
"Trabalhadores e trabalhadoras desempregados, exibindo nos semáforos cartazes de papelão com a frase que nos envergonha a todos: 'por favor, me ajuda'", continuou, perdendo a voz em razão do choro.
Lula interrompeu o discurso para se recompor, e foi aplaudido pelos milhares de apoiadores na Praça dos Três Poderes. Depois, retomou a fala – mas logo a interrompeu novamente.
"Fila na porta dos açougues, em busca de ossos para aliviar a fome. E, ao mesmo tempo, filas de espera para a compra de jatinhos particulares. Tamanho abismo social é um obstáculo à construção de uma sociedade justa e democrática, e de uma economia próspera e moderna", disse.
Cerimônia de posse de Lula e Geraldo Alckmin em Brasília
Crédito: Mauro Pimentel/ Douglas Magno/ Ueslei Marcelino/ Gustavo Moreno/ Tomaz Silva/Ricardo Moraes/ Ricardo Stuckert;/ Marcelo Camargo/ Eraldo Peres
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Desigualdade 'inadmissível'
A indignação com a desigualdade social foi o tema central da primeira parte do discurso de Lula. Antes, o presidente já havia discursado dentro do Congresso, após assinar o termo de posse – a fala foi transmitida em telões espalhados pela Esplanada.
"Assumimos hoje, diante de vocês e de todo o povo brasileiro, o compromisso de combater dia e noite todas as formas de desigualdade no nosso país. Desigualdade de renda, de gênero e de raça. Desigualdade no mercado de trabalho, na representação política, nas carreiras do Estado, no acesso á saúde, à educação e a demais serviços públicos", enumerou.
"Desigualdade entre a criança que enfrenta a melhor escola particular e a criança que engraxa sapato na rodoviária, sem escola e sem futuro. Desigualdade entre a criança feliz com o brinquedo que acabou de ganhar de presente, e a criança que chora de fome na noite de Natal", comparou, embargando a voz mais uma vez.
"Desigualdade entre quem joga comida fora e entre quem só se alimenta das sobras. É inadmissível que os 5% mais ricos deste país detenham a mesma fatia de renda que os demais 95% de pessoas. Que seis bilionários brasileiros tenham uma riqueza equivalente ao patrimônio dos 100 milhões mais pobres do país", seguiu.
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