MATEUS VARGAS E VICTORIA AZEVEDO
BRASÍLIA, DF, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) devem se encontrar pela primeira vez desde que confirmaram a intenção de disputar a eleição ao Palácio do Planalto na terça-feira (16), durante a posse do ministro Alexandre de Moraes no comando do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Bolsonaro confirmou a presença ao receber o juiz na última quarta-feira (10). Já a presença do petista foi confirmada por sua assessoria de imprensa na tarde desta segunda-feira (15).
Bolsonaro tem 29% das intenções de votos ao Planalto contra 47% do ex-presidente Lula (PT), segundo pesquisa Datafolha divulgada no último dia 28.
O juiz assume a corte eleitoral em meio a insinuações golpistas e ataques de Bolsonaro às urnas.
Na última semana, a campanha de Lula foi atingida por decisão do tribunal, quando o ministro Raul Araújo Filho determinou a exclusão de vídeos de discurso em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chama o presidente Jair Bolsonaro (PL) de "genocida".
O ex-presidente Michel Temer (MDB) e a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) também devem acompanhar a posse. Moraes convidou todos os ex-chefes do Executivo.
Ainda são esperados mais de 20 governadores, além de parlamentares e autoridades do Judiciário.
Segundo a lei, o processo eleitoral começa oficialmente nesta terça. Para dar o pontapé inicial na campanha, o ex-presidente Lula visitará duas fábricas: a da MWM Motores e Geradores, em São Paulo, às 7h e a fábrica da Volkswagen, em São Bernardo do Campo (SP).
A segunda visita está prevista para ocorrer às 14h -a cerimônia em Brasília é às 19h.
Até a manhã desta segunda-feira (15) o núcleo da campanha petista não havia batido o martelo sobre a eventual participação de Lula na posse do TSE.
Segundo um interlocutor de Lula, a presença do petista na cerimônia, assim como a de outros ex-presidentes, pode configurar mais um gesto que reforça a necessidade de se resguardar o ambiente institucional do tribunal, além de prestigiar o processo eleitoral.
No último dia 11, ocorreu a mais ampla manifestação por democracia sob o governo de Bolsonaro com ato na Faculdade de Direito da USP.
Nele, foi lida carta que prega a manutenção do Estado democrático de Direito e o respeito às eleições diante das ameaças golpistas de Bolsonaro de contestar o resultado e questionar as urnas eletrônicas.
O documento reúne mais de 1 milhão de assinaturas.
O governo quer usar a presença de Bolsonaro como gesto para tentar apaziguar as relações com a corte. A expectativa de ministros de Bolsonaro é que a posse de Moraes facilite este diálogo.
Horas antes de aceitar o convite, porém, Bolsonaro havia atacado ministros do STF e dito que não perderia as eleições para "narrativas". Sem citar nomes, o presidente havia dito que há "ameaça à liberdade" no Brasil e que a população tem o dever de "aperfeiçoar as instituições, desconfiar".