O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou na noite desta segunda-feira (1º) que suas responsabilidades são para com o povo pobre do país, e não para com "banqueiros" ou "ricaços". Esse tipo de afirmação crítica ao mercado financeiro tem sido frequente em seus discursos recentes.
"Graças a Deus, enxerguei meu povo e é para ele que tenho que fazer as coisas. Não tenho que prestar contas a nenhum ricaço desse país, a nenhum banqueiro, tenho que prestar contas ao povo pobre, trabalhador desse país, que precisa que a gente tenha cuidado e que a gente cuide deles", disse o presidente em Salvador, durante cerimônia de anúncios de investimentos na Bahia.
Enquanto defendia o programa Pé de Meia, que oferece auxílio a estudantes do ensino médio para evitar a evasão escolar, Lula afirmou que "o tal do mercado" critica o governo "todo dia".
"A gente precisa cuidar das crianças, alfabetizar as crianças. Não foi fácil criar o Pé de Meia, um programa que custa R$ 7 bilhões. O tal do mercado, que nos critica todo dia, dizia 'O Lula tá gastando dinheiro, para que gastar dinheiro com Pé de Meia'. Eu preciso gastar para estudar do que gastar para colocá-lo na cadeia quando eles não aprenderem uma profissão", afirmou.
ALTA DO DÓLAR
Nesta segunda-feira, o dólar encerrou o dia cotado a R$ 5,65, atingindo seu maior valor em dois anos e meio. Parte da alta do dólar é atribuída às recentes declarações de Lula, que o mercado interpreta como uma interferência política na economia e um indicativo de possível descontrole nos gastos públicos.
EVENTO EM SALVADOR
O evento em Salvador foi o segundo do presidente na Bahia nesta segunda. À tarde, Lula participou da inauguração de um trecho da duplicação BR-116 entre as cidades de Santa Bárbara e Feira de Santana.
No evento, o presidente Lula também anunciou R$ 2,4 bilhões de investimentos em infraestrutura para a Bahia. Dentre eles, está a pavimentação de 194 quilômetros da BR-030 no oeste baiano, entre os municípios de Cocos e Mambaí.
Na cidade, o presidente deu entrevista a uma rádio local em que voltou a criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. "O que você não pode é ter um Banco Central que não está combinando adequadamente com aquilo que é o desejo da nação. Não precisamos ter política de juro alto neste momento, a taxa Selic a 10,5% está exagerada", afirmou.
Nesta terça, o presidente vai participar do cortejo do 2 de Julho, em alusão à Independência da Bahia. Depois, segue rumo ao Recife para dois atos na capital pernambucana, fechando a viagem de dois dias no Nordeste brasileiro.
(Com informações da FolhaPress - João Pedro Pitombo e José Matheus Santos)