O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é capa desta semana da revista norte-americana Time, uma das mais prestigiadas do mundo. Em entrevista à publicação, ele afirmou que nunca desistiu da política.
Divulgada nesta quarta-feira (4), o título diz: "O segundo ato de Lula". No subtítulo, a revista escreveu: "O líder mais popular do Brasil buscar retornar à Presidência".
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"Eu na verdade nunca desisti da política. A política está em cada célula minha, a política está no meu sangue, está na minha cabeça. Porque o problema não é a política simplesmente, o problema é a causa que te leva à política", disse.
"Quando deixei a Presidência em 2010, efetivamente eu não pensava mais em ser candidato à Presidência da República. Entretanto, o que eu estou vendo, doze anos depois, é que tudo aquilo que foi política para beneficiar o povo pobre— todas as políticas de inclusão social, o que nós fizemos para melhorar a qualidade das universidades, das escolas técnicas, melhorar a qualidade do salário, melhorar a qualidade do emprego—, tudo isso foi destruído, desmontado", completou.
Ainda à públicação, Lula diz que Jair Bolsonaro (PL) desperta o ódio e estimula o racismo no país.
"Não diria que ele tem culpa pelo racismo porque o racismo é crônico no Brasil. Mas ele estimula", respondeu ele a ser questionado sobre as propostas dele para a população negra do país. "O Bolsonaro despertou o ódio, despertou o preconceito. Aí tem outros presidentes também na Europa, na Hungria, [que fazem o mesmo]; está aparecendo muito fascista, muito nazista no mundo."
A "Time" trabalha com capas distintas para diferentes regiões do mundo. Para a semana que vem, estão previstas capas com Elon Musk, (edição norte-americana); com o chanceler alemão Olaf Scholtz (europeia); e com Volodymyr Zelenski, presidente da Ucrânia (edição do Pacífico).
Na entrevista, Lula também falou sobre a guerra na Ucrânia e afirmou que o presidente do país, Volodymyr Zelensky, 'quis' o conflito, e que é tão responsável por ele quando o líder russo, Vladimir Putin.
"Ele quis a guerra. Se ele [não] quisesse a guerra, ele teria negociado um pouco mais", opinou. "É preciso estimular um acordo. Mas há um estímulo [ao confronto]! Você fica estimulando o cara [Zelensky] e ele fica se achando o máximo. Ele fica se achando o rei da cocada, quando na verdade deveriam ter tido conversa mais séria com ele: 'Ô, cara, você é um bom artista, você é um bom comediante, mas não vamos fazer uma guerra para você aparecer'. E dizer para o Putin: 'Ô, Putin, você tem muita arma, mas não precisa utilizar arma contra a Ucrânia. Vamos conversar!'".
Ele também disse que o ucraniano tem um comportamento "um pouco esquisito". "Parece que ele faz parte de um espetáculo. Ou seja, ele aparece na televisão de manhã, de tarde, de noite, aparece no parlamento inglês, no parlamento alemão, no parlamento francês como se estivesse fazendo uma campanha. Era preciso que ele estivesse mais preocupado com a mesa de negociação", afirmou.