
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou, na noite desta quarta-feira (26) que a Justiça brasileira está exercendo sua função ao aceitar a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados, relacionada à tentativa de golpe de Estado no Brasil. Mais cedo, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, tornar réus Bolsonaro e mais sete pessoas pelos crimes de tentativa de golpe de Estado.
Durante uma coletiva de imprensa em Tóquio, onde cumpre agenda oficial, Lula enfatizou a legitimidade da atuação do STF e das investigações conduzidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. Ele destacou o papel das delações feitas no processo, reforçando que os fatos que ocorreram no país são amplamente conhecidos.
O que é correto é que a Suprema Corte está se baseando e se manifestando nos autos do processo, depois de meses e meses de investigação, muito bem feita pela Polícia Federal, muito bem feita pelo Ministério Público, e com muita delação de gente importante que está acusando o que tentou acontecer no Brasil.
Lula também afirmou que há evidências de que Bolsonaro tentou realizar um golpe, além de conspirar contra sua vida e de outras autoridades.
É visível que o ex-presidente tentou dar um golpe no país. É visível, por todas as provas, que ele tentou contribuir para o meu assassinato, para o assassinato do vice-presidente e para o assassinato do ex-presidente da Justiça Eleitoral brasileira. Todo mundo sabe o que aconteceu nesse país.
O presidente ainda criticou as tentativas de Bolsonaro e de setores da oposição de obter anistia para crimes ainda sob julgamento. Segundo ele, solicitar perdão antecipadamente é uma admissão de culpa e que o correto seria Bolsonaro provar sua inocência.
Não adianta, agora, ele ficar fazendo bravata, dizendo que está sendo perseguido. Só ele sabe o que ele fez, sabe que não é correto. E não adianta ficar pedindo anistia antes do julgamento. Quando ele pede anistia antes do julgamento significa que está dizendo que foi culpado. Ele deveria provar a inocência dele porque não precisava pedir anistia.
A entrevista marcou o encerramento da agenda do presidente no Japão, onde ele participou de encontros com o primeiro-ministro Shigeru Ishiba e com o imperador Nahurito. Lula agora segue para uma visita oficial ao Vietnã antes de retornar ao Brasil.
Na declaração aos jornalistas, o presidente afirmou que essa foi a "visita mais importante" que já fez ao Japão, relembrando sua primeira ida ao país em 1975, ainda como sindicalista, para um congresso de trabalhadores da Toyota. Ele ressaltou que a viagem reforçou os laços entre Brasil e Japão, principalmente em pautas como defesa da democracia e multilateralismo.