O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou que planeja transferir mais de 1.200 detidos nos protestos recentes para prisões de segurança máxima, que serão transformadas em "centros de reeducação". A declaração foi feita na quinta-feira, durante um evento transmitido ao vivo nas redes sociais.
"Capturamos 1.200 criminosos e vamos prender mais mil criminosos. Vou colocar todos em Tocorón [prisão de segurança máxima] em celas de segurança máxima para pagarem por seus crimes", afirmou Maduro no evento com seus apoiadores.
O presidente venezuelano mencionou que está preparando duas prisões de segurança máxima, Tocorón e Tocuyito, e que dentro de 15 dias começará a enviar os detidos para esses locais "para todas as novas gangues que estão envolvidas nas guarimbas [termo usado pelo governo para se referir a manifestantes opositores] e nos ataques criminosos", disse Maduro durante uma coletiva de imprensa na noite anterior.
"Não haverá perdão nem contemplação", enfatizou o líder chavista, ressaltando que o Estado agirá "no marco da Constituição e das leis".
De acordo com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, a repressão aos protestos na Venezuela configura graves violações.
“Desde o fim da jornada eleitoral de 28 de julho, organizações da sociedade civil contabilizaram pelo menos 300 protestos espontâneos em todo o país, exigindo atenção às denúncias de graves irregularidades na contagem de votos, falta de transparência, fraude eleitoral e obstáculos ao processo de auditoria cidadã. Segundo registros da imprensa, organizações da sociedade civil e particulares, pelo menos 115 dessas manifestações foram violentamente reprimidas pelo Estado”, escreveu a entidade em relatório.