Mais de 10% dos 513 deputados trocaram de partido até a véspera do prazo final de filiação para quem pretende disputar as eleições de 2014. Até o final da tarde dessa sexta-feira (4), pelo menos 54 deputados e dois senadores haviam mudado de legenda, segundo balanço feito pelo Congresso em Foco com base em dados da Câmara e informações prestadas por parlamentares e lideranças partidárias. O número de mudanças, no entanto, deve ser ainda maior por dois motivos: nem todos que migraram de legenda repassaram a informação ao Congresso e alguns congressistas, em meio a negociações, deixaram para o último dia a assinatura da nova ficha de filiação.
Os recém-criados Solidariedade (SDD) e Partido Republicano da Ordem Social (Pros) receberam 75% dos migrantes: 21 foram para o primeiro, e 20 para o segundo. Quem mais perdeu foi o PDT, de onde saiu o fundador do SDD, Paulinho da Força (SP). Foram nove baixas na bancada: os pedetistas perderam seis deputados para a nova sigla e outros três para o também novato Pros.
Não é sem razão que o PDT ingressou na Justiça para suspender a criação do Solidariedade. Os pedetistas agora têm apenas 18 parlamentares. Um encolhimento de 33% em relação aos 27 deputados que compunham a bancada dias atrás. Até o deputado Miro Teixeira (RJ), em seu décimo mandato na Câmara, migrou para o Pros. O deputado era um dos aliados de Marina Silva na frustrada tentativa de registrar a Rede Sustentável, a tempo de participar das próximas eleições. Acabou indo para o partido do grupo do ex-ministro Ciro Gomes e do seu irmão, o governador Cid Gomes.
No Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PDT argumenta que fraudes comprovadas nas assinaturas do Solidariedade justificam anular todo o processo de criação por vício na coleta de firmas. O pedido de anulação do registro, porém, foi rejeitado ontem à noite pelo ministro Gilmar Mendes.
O PMDB ficou em segundo lugar no número de perdas de parlamentares. A segunda maior bancada da Câmara ficou sem seis parlamentares, quatro para o novo partido de Paulinho, um para o PP e outro para o PSDB. O principal aliado da base da presidente Dilma ficará agora com 77 deputados na Câmara.
Na lista do troca-troca, aparece até quem fez que ia, mas não foi. É o caso do deputado Romário (RJ), que voltou ao PSB dois meses após ter deixado o partido. Nesse período, Romário conversou com diversos partidos, do Psol ao PR. Mas acabou voltando ao antigo partido em meio a promessas de mais espaço e a presidência do diretório estadual da legenda.
No Senado, o ritmo das mudanças é menos intenso. Uma das lideranças da bancada ruralista, a senadora Kátia Abreu (TO) trocou o PSD pelo PMDB. Dois anos atrás ela deixou o DEM para filiar-se ao partido criado pelo ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab. Já o senador Vicentinho Alves deixa o PR para representar o Pros na Casa.