O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), colocou à disposição da CPI do Cachoeira dados bancários e fiscais. Em entrevista coletiva nesta quarta-feira (13), no jardim do Palácio das Esmeraldas, em Goiânia, o tucano disse ter tomado a decisão após o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), afirmar em depoimento à CPI que aceita abrir sigilos bancário, fiscal e telefônico.
Perillo informou ter telefonado para os dois líderes do PSDB na Câmara e no Senado, o deputado Bruno Araújo e o senador Àlvaro Dias, e colocado os dados à disposição. Segundo o governador, a definição de quais sigilos deverão ser quebrados ficará a cargo da CPI. Ele enumerou contas em quatro instituições bancárias e disse que todas elas estão à disposição.
Bruno Araújo havia afirmado em meio à sessão da comissão que Perillo telefonou para ele para pedir que o requerimento de quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico dos dois governadores fosse votado ainda nesta quarta.
A comissão anunciou que votará o requerimento na quinta (14). A discussão sobre a quebra dos sigilos dos governadores começou após Agnelo anunciar que, embora tenha prestado depoimento na condição de testemunha, colocará à disposição da comissão os sigilos bancário, fiscal e telefônico. "Sei que compareço como testemunha. Sei que não é usual. Mas coloco à disposiçao da CPI meu sigilo bancário, fiscal e telefônico."
Em seguida, parlamentares da CPI apresentaram ao relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), um requerimento para oficializar a quebra dos sigilos de Agnelo e também quebrar os sigilos de Perillo no período de cinco antes anteriores à data atual.
Mudança de ideia
Perguntado sobre o motivo de ter mudado de idéia em relação à quebra de sigilo, o tucano disse: "Se o governador Agnelo, que foi lá [na CPI] na mesma condição que eu, tomou essa decisão, por que eu não tomaria?"
O governador criticou as escutas da Operação Monte Carlo, realizada pela Polícia Federal. "Quando se trata de alguém vinculado ao PT, você não tem praticamente nenhum diálogo. Apenas os nomes de pessoas que estão em partido de oposição aparecem. Isso deixa uma pulga atrás da orelha", argumentou.
"Na minha opinião essa CPI está apenas começando. Acho que quando chegar no Dnit [Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte], aí essa CPI vai explodir", disse, repetindo uma provocação que já havia feito em seu depoimento na CPI na terça, quando falou por mais de oito horas à comissão. Ele negou qualquer relação com o grupo do bicheiro.
Segundo Perillo, a Delta tem contratos superiores a R$ 4 bilhões com o Dnit. Ele voltou a defender a apuração de contratos da empresa, supostamente ligada ao grupo do contraventor Carlinhos Cachoeira.
"Essa investigação tem que ser muito mais ampla do que ficar apenas na venda de uma casa. Se há algo no Brasil que precisa ser passado a limpo são os critérios das obras públicas, sobrepreço, superfaturamento, acordo de empreiteiras, direcionamento de obras, caixa dois e propina", disse.
Bate-boca na CPI
Na terça (12), a sugestão para quebra de sigilo de Perillo desencadeou um bate-boca na CPI. No momento em que o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), perguntou a Perillo se ele aceitaria abrir mão do sigilo telefônico, parlamentares de PSDB e DEM protestaram, argumentando que ele era testemunha - e não investigado - e, por isso, não tinha de autorizar a quebra de sigilo.
Marconi Perillo respondeu que não tinha razões para colocar o sigilo à disposição. Segundo o governador, a solicitação da quebra de sigilo caberia à própria comissão ou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). "Não cabe a mim decidir sobre abertura de sigilos. Isso cabe à esta CPI e ao STJ", Perillo disse durante a sessão da CPI de terça.