Como parte da tática de se colocar na corrida presidencial como uma terceira via, a pré-candidata do PV, senadora Marina Silva (AC), criticou nesta sexta-feira, 9, a polarização da disputa entre a ex-ministra Dilma Rousseff (PT) e o ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB). Para Marina, o eleitor não está interessado "na disputa do poder pelo poder" ou discutindo se "o currículo de Dilma é mais denso do que o currículo de Serra".
Em entrevista à rádio Itatiaia, de Belo Horizonte, a senadora voltou a dizer que o País não precisa de um "gerentão" e sim de visão estratégica. "Se a gente ficar debatendo quem é mais gerente, quem tem o melhor currículo, isso é diminuir, inclusive, o tamanho das biografias dessas pessoas e diminuir o tamanho do Brasil. O Brasil não precisa de um gerentão, o Brasil precisa de alguém que tenha visão estratégica", afirmou.
"Só foi possível o Plano Real porque o (ex-presidente) Fernando Henrique teve visão estratégica. Só foi possível quebrar a ideia de que não dava para crescer e distribuir renda porque o presidente Lula teve visão estratégica."
Ex-ministra do Meio Ambiente do atual governo, Marina considera que os pré-candidatos do PT e do PSDB possuem uma visão de modelo de desenvolvimento muito parecida. "As pessoas estão pensando o desenvolvimento do Brasil no século 21 como no final do século 19 e agora no século 20, sem transitar para o futuro", disse, pregando o desenvolvimento sustentável e o investimento em energias renováveis.
Ela reiterou que entrou na disputa pelo Palácio do Planalto com o objetivo de "apontar para o futuro" e contrapor o embate entre PT e PSDB. Segundo Marina, o Brasil é um país de muitas oportunidades se forem integradas as conquistas dos últimos 16 anos, como o Plano Real, no governo FHC, o Bolsa Família e os investimentos sociais no governo Lula.
"Estão olhando o Brasil de cima para baixo. É o momento de a gente olhar o Brasil de baixo para cima. Esse Brasil que está se afogando no Rio de Janeiro, esse Brasil que ainda tem 18% dos seus jovens analfabetos, esse Brasil em que as crianças entram na escola e 55% não concluem o ensino fundamental", disse.
A pré-candidata do PV admitiu novamente que considera ainda pouco provável as chances de chegar a um eventual segundo turno, mas não impossível. "Partindo do princípio de que não é impossível, estou trabalhando para tornar provável. E uma vez tornando provável, se tornará possível".
Rio
Na entrevista de 40 minutos, Marina também considerou "inaceitável" a tragédia das chuvas no Rio de Janeiro, onde até o fim da manhã já haviam sido contabilizados 184 mortos. "Isso é falta de uma visão de prevenção".
Na capital mineira, a senadora ainda almoça com prefeitos e líderes políticos e depois participa da posse do secretário municipal de Meio Ambiente, Ronaldo Vasconcellos, como presidente estadual do PV. O evento marcará a o lançamento da pré-candidatura do deputado federal José Fernando de Oliveira (PV) ao governo de Minas.