Mensalão do DEM completa um ano sem punições aos envolvidos

DF teve quatro governadores em menos de três meses e nenhuma solução para os problemas.

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O escândalo do mensalão do DEM, que culminou no afastamento do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, completa um ano neste sábado (27) com um presente nada agradável. Na sexta-feira (26), a Câmara Legislativa do Distrito Federal livrou de uma investigação mais detalhada cinco deputados distritais citados em gravações da Operação Caixa de Pandora.

A decisão vai no mesmo sentido do relatório final da CPI da Codeplan, mais conhecida como CPI da Corrupção, que pede o indiciamento de 22 pessoas, entre elas Arruda e o ex-governador Joaquim Roriz (PSC). O relatório, aprovado em agosto, foi encaminhado ao Ministério Público, mas até hoje não resultou em qualquer acusação.

O documento lista 17 crimes, entre eles: formação de quadrilha, peculato, emprego irregular de verba pública, corrupções passiva e ativa, tráfico de influência e lavagem e ocultação de bens. O texto pede ainda aprofundamento de investigações sobre 36 empresas que mantiveram contratos com o GDF (Governo do Distrito Federal) entre 1999 e 2010.

O relatório calcula que o GDF gastou, entre 2000 e 2010, R$ 4,2 bilhões com contratos que envolvem empresas suspeitas de integrar o esquema do mensalão. Porém, não soube precisar quanto foi de fato desviado. No documento, a despesa é classificada como ?Orçamento da Caixa de Pandora?.

Vídeos

A derrocada de Arruda começou quando foi divulgado um vídeo, de 2006, no qual o ex-governador aparece recebendo R$ 50 mil, em notas de R$ 100, das mãos do ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa, delator do esquema. Arruda se defendeu afirmando que o dinheiro seria para comprar panetones, que seriam distribuídos para pessoas carentes do DF.

Nos outros 30 vídeos gravados por Durval, com autorização da Justiça e auxílio da Polícia Federal, o ex-secretário aparece, a mando de Arruda, providenciando a entrega de um suposto mensalão aos deputados Leonardo Prudente (DEM), ex-presidente da Câmara Legislativa, Eurides Brito (PMDB), Junior Brunelli (PSC), Odilon Aires (PMDB) e Benício Tavares (PMDB), além do chefe de gabinete do ex-governador, Fábio Simão, todos com R$ 30 mil.

A partir de então, o que se viu foi o esfacelamento do governo. Para não ser expulso do DEM, seu partido até então, Arruda pediu sua desfiliação. A situação, no entanto, ficou ainda mais insustentável. Diversas testemunhas relataram que foram procuradas por pessoas ligadas ao ex-governador. Dessa forma, em fevereiro deste ano, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) pediu a prisão preventiva de Arruda, que passou 40 dias na carceragem da Polícia Federal, em Brasília.

Com a prisão de Arruda, o então vice-governador Paulo Octávio assumiu o governo. Enquanto isso, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) cassou o mandato do ex-governador por infidelidade partidária. Paulo Octávio, no entanto, durou apenas 12 dias no cargo, uma vez que seu nome também estava envolvido nas denúncias.

Paulo Octávio foi substituído pelo presidente da Câmara Legislativa, Wilson Lima (PR) que foi obrigado a convocar eleições indiretas. Em abril, a apenas dois dias do aniversário de 50 anos da capital, o advogado Rogério Rosso foi eleito governador para um mandato tampão que vai até o dia 1º de janeiro, quando assumirá o petista Agnelo Queiroz, eleito no segundo turno das eleições em uma disputa contra Weslian Roriz, mulher de Joaquim Roriz.

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