O presidente Michel Temer disse que "jamais" fez pacto com os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso para blindar a classe política de investigações da Operação Lava-Jato.
Em entrevista nesta segunda-feira, Temer afirmou que só tratou com os antecessores sobre a reforma política. O peemedebista voltou a defender a decisão de não afastar ministros alvos de inquérito, justificando-a como um "vício" em cumprir a lei. Porém, acha que aqueles citados devem sair se 'ficarem desconfortáveis'.
Temer foi citado em dois inquéritos, mas não pode ser investigado por atos anteriores ao mandato, segundo ressaltou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Portanto, tem uma "imunidade temporária". Contudo, oito ministros do governo — dois do Palácio do Planalto: Eliseu Padilha e Moreira Franco — serão investigados.
Eles só serão afastados temporariamente quando o Ministério Público oferecer denúncia à Justiça. Se a denúncia for aceita, eles virarão réus e saem dos ministérios. Essa "linha de corte" foi definida por Temer em fevereiro, e agora defendida como "vício" em seguir a lei.
— É muito provável que alguns ministros achem que não possam continuar, fiquem desconfortáveis e saiam. Mas tenho um vício que é o vício de cumprir a ordem jurídica.
Desde a divulgação da lista de pedidos de inquéritos pelo relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, na última terça-feira, Temer tem dito que o país não pode ficar paralisado. Apesar disso, reconhece que os depoimentos de ex-executivos da Odebrecht, base da lista de Fachin, são "absolutamente estarrecedores" e mancham a imagem do Brasil inclusive no exterior.