O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), negou nesta sexta-feira (18) que a unidade do partido na votação do salário mínimo na Câmara esteja relacionada ao interesse dos deputados por cargos.
Todos os 77 deputados da bancada do partido votaram a favor da proposta do governo de um salário mínimo de R$ 545 e rejeitaram as emendas que propunham valores maiores. Na próxima semana, o Senado deverá votar o projeto aprovado pela Câmara. Se não modificá-lo, será enviado para sanção presidencial.
"O PMDB não votou nisso não. O que conseguimos [...] foi que houvesse uma unidade de ação. Estamos buscando isso há muito tempo. Fizemos no partido e agora conseguimos na bancada. É importante para ter presença política que haja unidade de ação. O PMDB entendeu isso. O PMDB é governo e, sendo governo, votou com o governo", respondeu ao ser questionado sobre o eventual interesse por cargos na administração federal.
Temer falou com jornalistas após participar de debate sobre reforma política com os integrantes do Conselho Superior de Estudos Avançados (Consea) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Antes do debate, Temer teve um encontro privado com o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, filiado ao PSB, partido pelo qual o empresário se candidatou ao governo do estado de São Paulo nas eleições de outubro de 2010.
Aos jornalistas, não negou que tenha discutido uma eventual filiação de Skaf ao PMDB. "As portas estão abertas", afirmou.
Reforma política
O vice-presidente defendeu, na palestra aos integrantes da Fiesp, que a reforma política mude a eleição para cargos de vereador, deputado estadual e senador para o sistema majoritário, no qual os mais votados são eleitos.
Michel Temer disse que já informou à presidente Dilma Rousseff sua posição sobre o tema e que ela achou a discussão "útil". "Estou falando em caráter pessoal, não é posição do governo e nem majoritária dentro do PMDB. O partido está discutindo."
Para Temer, a atual legislatura deve discutir o tema em breve. Para ele, o ideal seria que mudanças fossem aprovadas até outubro, um anos antes da eleição de 2012 para prefeito e vereador. Pela lei, é preciso que as leis eleitorais sejam aprovadas pelo menos um ano antes do pleito que afetará.
"Há uma maturação que permite discutir a reforma política. Meu objetivo é provocar o assunto. Seria útil nessa legislatura e para o governo que neste governo se desse a reformulação política no país", afirmou o vice-presidente.
Temer diz ainda que, para ele, a reforma política deve ser a primeira a ser analisada nesta legislatura. "Podemos começar com a reforma política e, se for possível, fazer uma reformulação tributária."
Sobre divergência da proposta de Temer com a bandeira do PT, que é aprovar o voto em lista fechada, Michel Temer afirmou que trata-se de uma "disputa boa". "Seria uma disputa temática, não uma disputa por cargos, por espaço, mas programática, que é o que interessa ao país."