O deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) disse nesta segunda-feira (21) não temer que a Lei da Ficha Limpa impeça sua candidatura para reeleger-se à Câmara ou mesmo que seu registro seja negado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Ao participar da convenção estadual do partido, que lançou o deputado federal Celso Russomanno ao governo de São Paulo, Maluf repetiu as frases que o tornaram célebre em campanhas anteriores.
"A minha ficha é a mais limpa do Brasil", afirmou. "É bom que se diga: sou elegível, sou candidato a deputado federal e não tenho nenhuma condenação que me impeça. Tenho 43 anos de ficha limpa de trabalho. Este é o fato."
Maluf negou que os processos relacionados à compra de frangos e à Paulipetro sejam barreiras à sua candidatura. No primeiro caso, Maluf foi inocentado em primeira instância, mas condenado depois pelo Tribunal de Justiça de São Paulo pela compra supostamente superfaturada de frangos congelados quando era prefeito de São Paulo, em 1996. Ainda cabe recurso da condenação.
No outro caso, o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Maluf e outras cinco pessoas a ressarcir cerca de R$ 4,3 bilhões aos cofres públicos pelos prejuízos causados pela Paulipetro, empresa criada por ele quando foi governador de São Paulo, em 1979, para prospectar petróleo no estado, sem sucesso.
Maluf negou ter comprado frango superfaturado. "Fui inocentado em primeira instância e o caso está agravado. É mentira". Em relação à Paulipetro, reiterou: "Não tenho condenação na Paulipetro. Aliás, a coisa mais divina que fiz na vida foi dizer que tinha petróleo no estado de São Paulo. Demorou 25 anos e a Petrobras descobriu o pré-sal na Bacia de Santos. Tem uma Arábia Saudita lá embaixo".
Também presidente estadual do PP, o deputado afirmou que todos os postulantes da legenda não enfrentam problemas com a Justiça. "Todos os candidatos são gente de bem", disse. Sobre sua candidatura, afirmou: "Sou candidato e desejo que a população reconheça aqueles que trabalham por ela. A marca Maluf está por todo o estado e por toda a cidade e tenho muito orgulho disso."
Críticas ao PSDB
Durante a convenção, Maluf e Russomanno desfilaram uma série de críticas ao governo do PSDB no estado de São Paulo, há 16 anos à frente do Palácio dos Bandeirantes, principalmente relacionadas à segurança pública, saúde, e valores dos pedágios nas rodovias estaduais.
Questionado, Maluf disse não haver contradição nas críticas aos tucanos, com quem o PP pode se associar na eleição presidencial. O partido vinha sendo, inclusive, cotado para indicar o vice na chapa de José Serra. "Não existe crítica a governo nenhum. Existe crítica a fatos", disse.
"No plano nacional, vamos ter a convenção no dia 30 de junho, quando o partido decidirá quem apoiará", acrescentou Maluf, sem revelar se prefere o apoio a Serra ou à candidata do PT, Dilma Rousseff. "Minha posição depois de 40 anos no partido é obedecer a convenção. O que ela decidir será a minha decisão."
Russomanno afirmou que o PP vai optar pela neutralidade, ao menos por enquanto. Quanto ao seu próprio vice, o deputado disse que o nome não está definido. "Ainda estamos conversando com PHS, PTC e PTB para decidir quem será o vice e os candidatos ao Senado. Se chegarmos a um bom entendimento com o PTB, Romeu Tuma será nosso candidato a senador", declarou.
O candidato declarou que sua campanha será pautada pelo fortalecimento da saúde e da segurança pública e pela diminuição das tarifas dos pedágios. "Tenho 12% das intenções de voto sem nunca ter sido candidato a cargos majoritários. Isso mostra que esse trabalho de 20 anos em defesa do consumidor surtiu algum efeito", considerou.
Ele disse ainda que não teme enfrentar o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, e o do PT, Aloizio Mercadante, seus principais adversários na corrida ao Palácio dos Bandeirantes.
"São dois candidatos fortes, um apoiado pela máquina estadual e outro pela federal. Estou no meio do sanduíche e o melhor do sanduíche é o recheio. Celso Russomanno é o novo, é o recheio, é o melhor para São Paulo". Ao lado do candidato pepista ao governo, Maluf sacou uma metáfora futebolística para descrever seu partido nessas eleições. "Quando entramos em campo, podemos não ter torcida. Ganhamos uma, perdemos outra, mas nunca deixamos de jogar."