A ministra das Relações Exteriores da França, , faz sua primeira visita na América Latina desde que assumiu o cargo, em novembro de 2010, começando pelo Brasil. Ela cumpre agenda nesta segunda-feira (21) em São Paulo e nesta terça-feira (22) em Brasília.
Antes de partir, sua assessoria já avisou em Paris que ela não comentará o processo de licitação de vendas de caças para o Brasil. O francês Rafale, abertamente o preferido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva perdeu o espaço com o adiamento da decisão. Agora a presidente Dilma Rousseff analisa a escolha e voltou a colocar os Estados Unidos no páreo.
Mesmo que a visita de Alliot-Marie esteja estreitamente ligada à questão, publicamente ela deve preferir falar de temas como o G-20 [grupo formado pelas sete maiores economias mundiais e os principais países emergentes], que também colocou França e Brasil de lados opostos. Uma maior regulamentação dos mercados proposta pelos franceses causou nos brasileiros a desconfiança da tentativa de se controlar preços das commodities.
A ministra visitará a Universidade de São Paulo em sua visita, com a intenção de estreitar a colaboração nesta área. A universidade e instituições francesas de ensino ?trocam? estudantes e pesquisas com frequência.
No entanto, a visita parece ser uma tentativa de ?recuperar? uma parceria que dá sinais de que era mais forte durante a administração Lula.
Alliot-Marie também vem ao Brasil em bom momento, já que é duramente criticada na França por seu comportamento no início da Revolução de Jasmim, na Tunísia, que obrigou a saída do ditador Zine el Abidine ben Ali do governo do país após 23 anos. Ela inicialmente levantou o risco de radicalização religiosa no país.
No entanto, em seguida, foi descoberto que ela passou férias na Tunísia durante o início do levante e teria utilizado o jatinho particular de um homem próximo a Ben Ali. Alliot-Marie se justificou aos parlamentares franceses, mas continuou a sofrer críticas.
Pouco depois, ela foi acusada de facilitar o envio de gás lacrimogêneo para a Tunísia, o que colocou mais dúvidas sobre a posição da França em relação à transição da ex-colônia.